Depois de ser fechada por suspeita de maus-tratos, a creche Casa da Nanny, no Sudoeste, está sendo investigada pelo Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT) por manter um jardim de infância de forma clandestina na Asa Sul, a Escola Colibri Kids. O MPDFT decidiu ampliar as investigações e denunciou criminalmente os responsáveis pelos estabelecimentos.
Segundo a 4ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor (Prodecon), a creche no Sudoeste operava sem autorização da Secretaria de Educação, acumulando registros de falta de higiene, risco sanitário e estrutura inadequada.
Além dos maus-tratos, o MPDFT denunciou os donos pelos crimes: contra as relações de consumo; submeter criança a constrangimento; e associação criminosa. Segundo a Prodecon, os acusados tinham ciência das irregularidades, mas decidiram manter as atividades, com motivação econômica, omitindo dos pais a real situação das instalações.
Segundo o MPDFT, foram identificados como responsáveis pela operação da creche e denunciados o sócio-proprietário e gestor, Gabriel Alves Asevedo Oliveira; a sócia de fato e administradora, Daniella Asevedo Oliveira Alves; a diretora operacional e pedagógica, Camila Gomes Macedo Santos; e o sócio de fato e encarregado pela manutenção, Helio Edson Alves e Silva.
O Metrópoles entrou em contato com a defesa da Casa da Nanny, que disse que não iria se manifestar.
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De acordo com a denúncia, a empresa descumpria normas básicas de segurança e seguia atendendo famílias como se estivesse regularizada. Conforme apurações da Prodecon, dezenas de crianças de 6 meses a 4 anos foram expostas a um ambiente descrito como degradante, insalubre e incompatível com qualquer atividade educacional.
Relatórios técnicos e testemunhos apontam: infiltrações, mofo, móveis deteriorados e ausência de ventilação adequada; presença constante de baratas, inclusive dentro de utensílios, alimentos e no filtro de água; esgoto exposto próximo à cozinha; limpeza insuficiente, materiais mofados e alimentos estragados; ocorrência reiterada de diarreias, vômitos, febres e infecções bacterianas em crianças e funcionárias; falta de profissionais e acúmulo de funções pelas monitoras, muitas vezes em situações de risco.
Segundo testemunho de funcionários, havia uma determinação interna para impedir a entrada dos pais, bem como práticas destinadas a mascarar os problemas, como o uso de apelidos para baratas, na tentativa de evitar que as crianças comentassem sobre o que viam dentro da creche.
Fezes de insetos
Além disso, segundo a Prodecon, laudos da Vigilância Sanitária e da Polícia Civil (PCDF) confirmaram restos e fezes de insetos no filtro de água, forte odor de esgoto e inadequação do subsolo onde a creche funcionava — local proibido pelas normas do DF para unidades de educação infantil.
O Conselho Tutelar do Sudoeste registrou advertência formal apontando risco às crianças e alta incidência de infecções intestinais. A Vigilância Sanitária autuou a unidade várias vezes desde abril de 2024, culminando na interdição em 23 de maio. O espaço já havia sido interditado também em 2023.
Mesmo após a repercussão dos problemas na unidade do Sudoeste, o MP constatou que o grupo seguiu atuando irregularmente em outro endereço, na SEPS 707/907, sob o nome Escola Colibri Kids. A unidade também não tinha autorização de funcionamento. O local foi interditado.
O MPDFT segue com diligências, apurando inclusive possível à alteração de nomes empresariais e reorganização societária durante o curso das investigações. O caso continua em tramitação, e novos pais e ex-funcionários têm procurado tanto a Prodecon o quanto a PCDF para relatar situações vivenciadas nas unidades investigadas.
