O legado sombrio de um crime ao vivo: documentário da Netflix traz nova perspectiva e críticas à PM

Advogado alagoano critica atuação policial no 'Caso Eloá' e defende pai da vítima

Foto: Reprodução

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Um dos crimes mais longos e televisionados da história policial brasileira, o sequestro e assassinato da adolescente Eloá Pimentel, em 2008, volta ao centro do debate com o lançamento do documentário “Caso Eloá: Refém ao Vivo”, da Netflix. A produção, que estreou em novembro de 2025, traz à luz novas entrevistas e perspectivas, incluindo a participação do advogado alagoano Thiago Pinheiro, que ganhou projeção nacional ao advogar pelo pai da vítima, Everaldo Pereira dos Santos.

Pinheiro, em entrevista recente ao Repórter Nordeste, não hesita em criticar a atuação das forças de segurança paulistas durante a crise que durou mais de 100 horas em Santo André (SP).

“O Estado de SP contribuiu com a morte da Eloá, tanto pela omissão em não cessar o sequestro bem como pela ação desastrosa da polícia que invadiu o apt de modo atabalhoado”, afirmou o advogado, apontando falhas que teriam escalado o desfecho trágico, culminando em Eloá ser baleada pelo ex-namorado, Lindemberg Alves.

A Defesa do Pai
Além de revisitar a tragédia da filha, o documentário também toca na polêmica trajetória de Everaldo Pereira dos Santos, pai de Eloá e Policial Militar (PM) acusado de ligações com a chamada “gangue fardada” e condenado pela morte do delegado Ricardo Lessa.

Thiago Pinheiro defende a tese de que Santos foi vítima de um julgamento injusto. “A condenação pela morte do delegado Ricardo Lessa foi injusta, Everaldo não pode se defender pessoalmente. Julgado sem estar presente. A pena de 33 anos excessiva. Mas, desde 2014 ele foi colocado em liberdade”, pontua o advogado.

Pinheiro revelou ainda que a fuga de Everaldo Pereira dos Santos de Alagoas teria sido motivada por uma ameaça à própria vida. “Para não morrer nas mãos do sindicado do crime, comandado por ex secretários de segurança, políticos e policias”, justificou. O advogado informa que está escrevendo um livro sobre o assassinato do delegado Lessa e a condenação do seu cliente.

O Caso que Parou o País
O “Caso Eloá” não foi apenas um sequestro; foi um evento midiático sem precedentes, transmitido praticamente ao vivo pela televisão brasileira. O horror da situação, a inexperiência da cobertura e a prolongada negociação policial geraram um intenso debate sobre ética jornalística, segurança pública e a exposição da vida privada.

A série documental da Netflix promete aprofundar a análise do caso, trazendo entrevistas inéditas com:

Familiares e amigos de Eloá;

Jornalistas que cobriram o drama;

Profissionais diretamente ligados ao caso.

Um dos elementos mais aguardados pela crítica e pelo público é a revelação de trechos do diário da própria Eloá Pimentel, o que pode oferecer um novo e doloroso olhar sobre a adolescente cuja morte, em 2008, expôs as fragilidades do sistema de segurança e a voracidade da mídia.

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