Em nossas vidas existem prioridades e muitas das vezes temos grandes dificuldades em defini-las, o mesmo ocorre no contexto político, portanto vamos aqui fazer uma definição: o que é política? Política é a forma com que se lida com problemas e esta definição serve não só para a individualidade como também para a coletividade.
Nossos políticos, que são a extensão de nossas vontades, nem sempre conseguem fazer valer a vontade de seus eleitores e, por vezes, desprezam esta vontade.
Faço este rodeio para lembrar uma polêmica que surgiu no Plano Piloto quando se percebeu que o Eixão (Norte e Sul) passou a ser conhecido como “Eixão da Morte”, sim, talvez você que reside em Brasília há mais de 20 anos lembre desta infeliz referência a esta linda e importante avenida que corta o Plano Piloto.
Toda semana havia um acidente trágico nesta avenida, com mortes horrorosas de pessoas de todas as idades, principalmente cidadãos com alguma dificuldade de locomoção, como idosos, ou jovens que confiavam demais em si e nos imprudentes motoristas. Não bastaram as placas delimitando a velocidade máxima ou as campanhas publicitárias nos jornais locais, sempre haviam acidentes.
Neste processo surgia uma pergunta “como fazer para atravessar o Eixão?”. Não havia faixa de pedestres, não havia Semáforos…o que fazer? Parecia que os idealizadores de Brasília não se fizeram esta pergunta. Foram idealizadas duas soluções: as passagens subterrâneas e as aéreas e qual foi a política adotada por nossos “valorosos” políticos da época, que deveria refletir a vontade de quem os elegeram? Resposta: a pior delas, as sombrias, maus cheirosas e perigosas passagens subterrâneas
Quem já atravessou estas passagens sabe do que falo, principalmente as mulheres atacadas, os idosos e as vítimas de assalto. Também sabe do que falo aqueles cidadãos que não puderam as puderam atravessar em decorrência de chuvas fortes que transformavam as passagens em um absoluto caos. Que triste, uma solução absolutamente equivocada. Daí surgiu uma pergunta, porque a solução mais segura para os pedestres e, talvez, aquela que poderia ser mais uma solução arquitetônica atrativa, imponente e digna de cidade moderna e planejada não foi a das “Passarelas Aéreas?
Agora sim, meu caro leitor, você descobriu o motivo do título deste texto. O que estava em jogo não era a segurança das mulheres, dos idosos, dos indefesos e dos trabalhadores. Vergonhosamente o que estava em jogo era o “Plano Diretor”. Deixo aqui a minha indignação pelo desprezo ao cidadão e a supervalorização de padrões arquitetônicos, padrões estes que não se dignaram a servir a peça-chave mais importante de uma cidade, qual seja, você.