A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta nessa segunda feira (17/11) sobre o avanço de cigarros eletrônicos e outros dispositivos à base de nicotina entre adolescentes.
A entidade pediu que governos implementem regras claras para limitar o acesso e reduzir a dependência, especialmente em um momento em que a indústria busca novos consumidores.
Durante a abertura da 11ª Conferência da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), em Genebra, na Suíça, o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que escolas têm se tornado um dos principais pontos de entrada desses produtos. Segundo ele, empresas do setor enxergam crianças e adolescentes como público estratégico para ampliar o mercado.
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Cada vez mais popular no Brasil, o vape, cigarro eletrônico ou e-cigarrette tem se tornado um verdadeiro fenômeno entre os jovens. O produto, geralmente, tem aparência semelhante a de um cigarro comum, mas também pode ser encontrado em formato de pen drive ou caneta
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Em uma embalagem colorida, com sabores diferentes, sem o cheiro ruim do cigarro tradicional e com uma grande quantidade de fumaça, os produtos são muito comuns, especialmente, entre pessoas de 18 a 24 anos, apesar de serem proibidos no Brasil
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No geral, o produto é composto por bateria, atomizador, microprocessador, lâmpada LED e cartucho de nicotina líquida. Esses mecanismos são responsáveis por aquecer o líquido que produz o vapor inalado pelos usuários
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Apesar de serem bastante usados no mundo inteiro e, inicialmente, tenham sido introduzidos no comércio como uma alternativa para os cigarros comuns, os vapes são perigosos para a saúde, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM)
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Os médicos afirmam que os cigarros eletrônicos são “uma ameaça à saúde pública” e oferecem ainda mais riscos do que os cigarros comuns, além de serem porta de entrada dos jovens no mundo da nicotina
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Esses especialistas afirmam que o filamento de metal que aquece o líquido é composto de metais pesados que acabam sendo inalados, como o níquel, substância cancerígena
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Ainda segundo os especialistas, o líquido produzido pelo cigarro eletrônico tem pelo menos 80 substâncias químicas consideradas perigosas e responsáveis por reforçar a dependência na nicotina
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Além disso, o uso diário de cigarros eletrônicos causa estado inflamatório em vários órgãos do organismo, incluindo o cérebro. Novas pesquisas indicam que a utilização também pode desregular alguns genes e fazer com que o usuário desenvolva uma condição chamada EVALE, lesão causada pelo produto nos pulmões
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O neurologista Wanderley Cerqueira, do Hospital Albert Einstein, explica que os efeitos no usuário variam dependendo da nicotina e dos sabores líquidos, que influenciam a forma como o corpo responde às infecções. Segundo ele, vapes de menta, por exemplo, deixam as pessoas mais sensíveis aos efeitos da pneumonia bacteriana do que outros aromatizantes
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O especialista alerta que as células imunológicas parecem ser desativadas à medida que os pulmões são continuamente encharcados com produtos químicos. Esse processo enfraquece as defesas do organismo contra ameaças como pneumonia ou câncer
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Ainda segundo o médico, mesmo os vapes sem sabor são perigosos. Isso porque eles possuem outros aditivos químicos em sua composição, como propilenoglicol, glicerina, formaldeído e a própria nicotina, que causa câncer
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Uma pesquisa da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, encontrou níveis perigosos de toxinas em produtos usados para conferir sensação mentolada em cigarros eletrônicos. Foram verificados problemas em várias marcas dessas substâncias mas, principalmente, na Puffbar, uma das mais populares do mundo
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Os cientistas encontraram níveis das toxinas WS-3 e WS-23 acima dos considerados seguros pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no fluido do produto. Dos 25 líquidos analisados, 24 tinham WS-3, por exemplo
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As substâncias são usadas em aditivos alimentícios para dar o “frescor” do mentolado sem o sabor de menta, mas não devem ser inaladas. Elas são encontradas também em produtos nos sabores de manga ou baunilha
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Indústria mira jovens e amplia riscos à saúde
Dados apresentados pela organização mostram que o consumo de tabaco entre jovens caiu cerca de um terço nas últimas duas décadas. Para a OMS, essa tendência levou fabricantes a investir em dispositivos como cigarros eletrônicos descartáveis, bolsas de nicotina e produtos aquecidos, divulgados como alternativas menos nocivas. A entidade, no entanto, afirma que essas estratégias reforçam a dependência e criam novos ciclos de uso.
A estimativa é de que ao menos 15 milhões de adolescentes de 13 a 15 anos utilizem cigarros eletrônicos atualmente. Tedros enfatizou que não há comprovação de benefícios desses dispositivos para a saúde pública e que as evidências disponíveis apontam danos associados ao uso contínuo.
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Ainda durante o encontro, a OMS afirmou que os 180 países que participam da convenção devem avaliar propostas para evitar que mais pessoas desenvolvam dependência de nicotina e para blindar as políticas públicas das narrativas de redução de risco usadas pela indústria do tabaco. Segundo Tedros, esses produtos seguem uma lógica comercial que busca lucro, não a proteção da saúde.
A recomendação da organização é que todos os países adotem regulações para cigarro eletrônico, tabaco aquecido e outras formas de nicotina que, no mínimo, igualem o rigor aplicado ao cigarro tradicional. A entidade avalia que ações coordenadas podem conter o avanço desses dispositivos e evitar que novas gerações se tornem dependentes.
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