Uma ampla revisão publicada na revista The British Medical Journal nessa segunda-feira (10/11) reforçou que não há provas consistentes de que o uso de paracetamol durante a gravidez aumente o risco de autismo ou TDAH em crianças.
O estudo reuniu dados de nove revisões sistemáticas, que somam 40 pesquisas observacionais sobre o tema, e concluiu que a qualidade das evidências é baixa e que os resultados anteriores devem ser interpretados com cautela.
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Os cientistas destacaram que a maior parte dos estudos avaliados não controlou fatores importantes, como predisposição genética e ambiente familiar. Quando esses elementos foram considerados — como em pesquisas que compararam irmãos — o suposto vínculo entre o medicamento e os transtornos praticamente desapareceu.
Segundo os autores, isso indica que o uso de paracetamol não é, por si só, o responsável por alterações no desenvolvimento neurológico. Na verdade, a relação pode estar ligada a outros fatores, como infecções durante a gestação, que também podem influenciar o cérebro do bebê em formação.
O paracetamol é amplamente usado por gestantes por ser uma das opções mais seguras para aliviar dor e reduzir febre. Outros analgésicos e anti-inflamatórios, como o ibuprofeno, são desaconselhados em certos períodos da gravidez, o que faz o paracetamol a primeira escolha médica nesses casos.
A recomendação dos especialistas segue a mesma: o medicamento deve ser usado apenas quando necessário, na menor dose eficaz e pelo menor tempo possível. A automedicação deve ser evitada, e o acompanhamento médico é essencial para garantir o uso seguro.
Os pesquisadores reforçam que novos estudos, com metodologias mais rigorosas, são fundamentais para eliminar definitivamente as dúvidas sobre o tema. Até o momento, o consenso científico indica que o paracetamol continua sendo uma opção segura para gestantes que precisam controlar sintomas leves de dor e febre.
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