Parentes de Marielle Franco e Anderson Gomes aguardam por justiça em julgamento de acusados

Foto: Renan Olaz/CMRJ

Foto: Renan Olaz/CMRJ

Familiares de Marielle Franco e Anderson Gomes chegaram ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro na manhã desta quarta-feira para acompanhar o julgamento de Ronnie Lessa e Elcio Queiroz, acusados de serem os executores dos homicídios da vereadora e de seu motorista, ocorridos em 14 de março de 2018. Após quase sete anos de espera, as duas famílias buscam respostas e a condenação dos envolvidos pelo 4º Tribunal do Júri.

Luyara Franco, filha de Marielle, expressou a dor e a perseverança das famílias ao enfrentar o processo judicial. “Enquanto filha, é difícil estar aqui, mas foi a coragem da minha família e da família do Anderson e também a coragem dos movimentos que não largaram as nossas mãos desde o dia 14 de março que fizeram a gente estar aqui de pé hoje”, disse Luyara, emocionada. “Justiça para a gente, na verdade, seria se minha mãe estivesse aqui, se Anderson tivesse aqui.”

Marinete Silva, mãe de Marielle, também falou sobre o longo percurso em busca de justiça. “Estou vivendo hoje como se fosse o dia que tiraram minha filha de mim. A gente está vivendo essa dor, mas vamos tentar vencer depois de tanto tempo. É importante que esses homens saiam daqui condenados, para que não banalizem a vida da minha filha, nem de nenhum dos filhos que tiveram suas vidas ceifadas.”

Ágatha Arnaus, viúva de Anderson, destacou que o julgamento marca apenas o início de um processo maior pela responsabilização completa dos envolvidos. “A dor que sentimos não terminou lá em 2018. A gente está com essa dor até hoje, e ela não vai passar mesmo com a condenação deles. E isso não vai terminar hoje. Todos precisam pagar pelo que fizeram com a gente”, afirmou Ágatha, mencionando o desejo de ver os mandantes dos crimes também levados à justiça.

Embora Lessa e Queiroz estejam sendo julgados nesta quarta-feira, ainda há investigações em curso para apurar os responsáveis por planejar o crime. Entre os suspeitos estão os irmãos Chiquinho e Domingo Brazão, apontados como possíveis mandantes, além do delegado Rivaldo Barbosa, que é acusado de obstruir as investigações iniciais.

Lessa e Queiroz, que atualmente cumprem pena fora do estado do Rio de Janeiro – Lessa em Tremembé, São Paulo, e Queiroz na Papuda, em Brasília – participam do julgamento por videoconferência. O Ministério Público do Rio de Janeiro solicitou ao Conselho de Sentença a pena máxima, que pode chegar a 84 anos de prisão para os réus.

Do lado de fora do tribunal, o clima foi de emoção e solidariedade. Parentes de outras vítimas da violência, incluindo mães e pais de jovens negros mortos por agentes do estado, realizaram uma manifestação com girassóis e camisetas estampando os rostos dos filhos assassinados. “Marielle e Anderson: Justiça!” era o grito uníssono dos manifestantes, reforçando o desejo de que este julgamento seja um passo decisivo para honrar a memória de Marielle Franco e Anderson Gomes.

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