Um estudo publicado na revista The BMJ mostra que, nos Estados Unidos, a venda da pílula do dia seguinte aumenta cerca de 10% na semana seguinte ao réveillon, sinalizando maior demanda por contracepção de emergência após as festividades.
Os pesquisadores analisaram dados comerciais de levonorgestrel, contraceptivo de venda livre conhecido como pílula do dia seguinte, entre 2016 e 2022.
O medicamento atua com maior eficácia nas primeiras horas após a relação sexual desprotegida e pode ser usado em até quatro dias, com possibilidade de efeito reduzido até 120 horas.
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A metodologia utilizou informações de estabelecimentos como farmácias, supermercados e lojas de departamento, considerando apenas as vendas referentes a mulheres entre 15 e 44 anos, faixa etária com maior risco de gravidez.
Ao ajustar os dados pela população, os pesquisadores estimam um aumento médio de 0,63 unidade por mil mulheres após o Ano-Novo, o que corresponde a cerca de 41 mil comprimidos a mais vendidos em 2022.
Por que essa procura aumenta?
Segundo os autores, o conjunto de circunstâncias típico da virada parece estar por trás do pico observado. Eles citam consumo maior de álcool, relações sexuais sem proteção, uso irregular de preservativos, além do funcionamento limitado de serviços de saúde durante o feriado.
“As vendas de contraceptivos de emergência após o feriado de Ano-Novo sugerem que esse período está associado a um risco maior de relações sexuais vaginais desprotegidas em comparação com outros feriados”, afirmam os pesquisadores no artigo publicado em dezembro de 2023.
Os dados mostram que outras datas festivas também registram aumento na procura, mas com menor intensidade. O Dia dos Namorados representa metade do registrado no Ano-Novo, e feriados como Páscoa, Dia das Mães e Dia dos Pais não apresentaram alterações significativas.
Implicações para saúde pública
Embora o estudo seja baseado em vendas e não em entrevistas diretas, especialistas defendem que a tendência deve ser observada como um alerta. Além da maior exposição a relações sem proteção, o período do Ano-Novo também registra crescimento em casos de violência sexual, o que torna o acesso à contracepção de emergência ainda mais relevante.
Para os autores, garantir informação, ampliar estratégias de prevenção e facilitar o atendimento nesses períodos pode reduzir riscos. Medidas como reforço de estoques em farmácias de plantão e divulgação de serviços de urgência reprodutiva são citadas como possíveis caminhos.
