Cada vez mais comuns na vida moderna, os microplásticos estão em todo lugar: praticamente qualquer alimento que decidimos comer, seja fresco ou congelado, pré-cozido ou cru, provavelmente está cheio das pequenas partículas. Elas não são visíveis a olho nu, mas são consumidas diariamente e a ingestão pode provocar riscos à saúde.
Os microplásticos são os pedaços do material que têm de 5 mm a 0,0001 mm — eles podem ser ainda menores e, aí, são conhecidos como nanoplásticos. Estima-se que, por semana, uma pessoa engole cerca de 5 gramas de microplásticos, o peso de um cartão de crédito. Em um ano, comemos mais de meio quilo do material.
O maior contribuinte para essa ingestão é, por incrível que pareça, a água. Os microplásticos já foram encontrados em fontes subterrâneas e superficiais, e estão presentes na água engarrafada e também na que sai da torneira.
Estudos relataram microplásticos causando prejuízos ao nosso corpo
Pesquisadores do mundo todo tentam encontrar formas de limitar a quantidade de plástico absorvida pelo nosso corpo à medida que a ciência começa a descobrir as consequências que esta contaminação pode ter para a nossa saúde.
Uma pesquisa divulgada em 15 de maio na revista Toxicological Sciences revelou que, pela primeira vez, micropartículas de plástico foram encontradas nos testículos humanos. Os cientistas sugerem que a presença desses plásticos pode ajudar a explicar o declínio na contagem de espermatozoides observada nos últimos anos no mundo inteiro.
“No início, duvidei que os microplásticos pudessem penetrar no sistema reprodutivo. Quando recebi pela primeira vez os resultados em cães, fiquei surpreso. Fiquei ainda mais chocado quando vi os dados para humanos”, afirma o médico Xiaozhong Yu, líder do estudo, em entrevista ao site da universidade.
Um outro estudo relatou a presença das partículas de plástico em coágulos sanguíneos removidos cirurgicamente de artérias do coração, do cérebro e de veias profundas na parte inferior das pernas de pacientes.
Em todos os estudos, os microplásticos provocaram níveis prejudiciais de inflamação crônica no corpo, à medida que o sistema imunológico tenta combater os invasores sintéticos.
Os microplásticos podem ter um impacto a longo prazo sobre todos nós: em 2021, um estudo publicado no Journal of Hazardous Materials descobriu que ratos machos alimentados com microplásticos tornaram-se posteriormente inférteis. A inflamação parecia ter afetado as células produtoras de esperma nos testículos e o relatório alertou que o mesmo efeito poderia ser observado em humanos.
Como evitar os microplásticos
1 – Lave seu arroz
O arroz pode estar repleto de microplásticos, de acordo com um estudo da Universidade de Queensland, na Austrália. Muito se deve à forma como o arroz é embalado e processado, período durante o qual ele entra em contato com uma infinidade de plásticos que podem se esfregar e se colar nos grãos.
2 – Escolha alimentos frescos, em vez de processados
Produtos proteicos altamente processados, como palitos de peixe, nuggets de frango, tofu e hambúrgueres vegetais, contêm significativamente mais microplásticos do que opções minimamente processadas, como peixe e peito de frango cru, de acordo com um estudo publicado na revista Environmental Pollution em fevereiro.
Segundo os pesquisadores, o processamento de alimentos pode ser uma fonte de contaminação por plástico.
3 – Dê preferência a vegetais
Cientistas de higiene alimentar da Universidade de Catânia, em Itália, descobriram que, em geral, as frutas contêm níveis significativamente mais elevados de microplásticos do que os vegetais — de todos os produtos que foram analisados em um estudo publicado em 2020, a alface apresentou o nível mais baixo de contaminação.
Eles sugerem que as frutas têm mais microplásticos por absorverem mais água, que transporta os plásticos, e também porque as árvores frutíferas vivem durante anos no solo, de onde acabam captando a poluição plástica.
4 – Cuidado com água engarrafada de plástico
Uma garrafa plástica padrão, de meio litro de água, pode conter uma média de 120 mil partículas de sete tipos diferentes de plástico, alertaram pesquisadores da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.
O calor utilizado no processamento das garrafas, combinado com o longo tempo de armazenamento, que pode chegar a dois anos, permitem que altos níveis de microplásticos migrem da embalagem para a água.
A solução mais simples é, em vez de comprar a bebida em garrafas de plástico (ou reabastecer as antigas), usar uma garrafa de vidro ou de aço inoxidável.
5 – Troque seus utensílios de plástico por vidro
Em apenas três minutos no microondas, os recipientes de plástico podem liberar até 4,22 milhões de microplásticos e 2,11 bilhões de partículas de nanoplásticos nos alimentos a partir de apenas um centímetro quadrado de plástico, de acordo com engenheiros ambientais da Universidade de Nebraska-Lincoln, nos EUA. A recomendação é mudar para para recipientes de vidro, cerâmica ou metal.
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