Investigada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por sonegar mais de R$ 15 milhões entre 2017 e 2022, a rede de padarias Sayonara tem estabelecimentos do ramo no Gama e em Samambaia Sul.
A rede de padarias foi alvo de mandados de busca e apreensão na Operação Bethlehem, deflagrada nesta quarta-feira (19/11). Além de ser uma padaria, a Sayonara funciona também como gastrobar, pizzaria e hamburgueria.
Procurada, a Sayonara disse ter recebido com surpresa a operação e refutou as suspeitas de práticas ilícitas vinculados ao grupo (leia mais abaixo).
De acordo com a polícia, os empresários criaram uma empresa fantasma que tinha motoboys como sócios. “O fato de terem motoboys envolvidos, pessoas com rendas incompatíveis com o valor de faturamento das empresas, chamou nossa atenção”, contou o delegado Gabriel Eduardo.
O policial confirmou que foi descoberto o envolvimento de oito pessoas até agora, mas o número pode ser maior. “Há indícios de lavagem de dinheiro a serem investigados.”
Como funcionava o esquema:
- A empresa era registrada em nome de dois “laranjas”: um sobrinho e um funcionário do contador responsável pela contabilidade da rede.
- Em nome dessa empresa, eram habilitadas máquinas de cartão de crédito e débito.
- Elas eram utilizadas para registrar vendas que não apareciam nos balanços oficiais das padarias e farmácias.
- Assim, o faturamento das empresas era artificialmente reduzido e os tributos, sonegados.
- Segundo a polícia, a fraude beneficiava diretamente os proprietários da rede.
- A investigação durou 12 meses e começou a partir de denúncia da Receita do Distrito Federal que viu indícios de irregularidades e acionou a PCDF.
- A Decor acredita que possam ter outras empresas envolvidas com a rede de padarias.
O sobrinho do contador envolvido confessou o crime em depoimento à polícia na manhã desta quarta-feira (19/11). “Ele recebia valores para comparecer ao cartório e assinar documentos”, explicou o delegado.
Os investigados podem responder por sonegação fiscal, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Somadas, as penas podem chegar a 24 anos de prisão.
O nome da operação faz referência ao termo hebraico Bethlehem, que significa “casa do pão” – uma alusão ao principal ramo de atuação dos investigados. A ação contou com a participação de 60 policiais civis.
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Rede Sayonara
A empresa é uma das maiores do ramo no Gama, e chegou a ter farmácias com o mesmo nome das padaria, mas que acabaram sendo fechadas.
Além de atuar no Gama (DF), também há um estabelecimento da mesma empresa na Samambaia Sul.
A rede de padarias é acusada de sonegar mais de R$ 15 milhões entre 2015 e 2022
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Fachada da rede de padarias
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Rede de padarias Sayonara foi alvo de operação da PCDF
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Veículos e mais de R$ 100 mil foram apreendidos na operação desta quarta-feira (19/11)
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A Justiça determinou apreensão de bens para ressarcimento do prejuízo público
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A investigação aponta que o prejuízo ao erário é foi de R$ 15 milhões
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Para aprofundar as investigações, a polícia cumpriu 10 mandados de busca e apreensão em endereços no Gama, Santa Maria, Ceilândia e Valparaíso de Goiás (GO). Foram apreendidos R$ 107 mil em espécie e seis carros.
Além disso, a Justiça determinou o sequestro de bens e valores equivalentes ao montante da dívida, cerca de R$ 15,5 milhões, como forma de ressarcir os cofres públicos e enfraquecer financeiramente o grupo criminoso.
O outro lado
Em nota, a Sayonara disse que “pauta suas atividades pela estrita legalidade e transparência, mantendo um histórico de rigoroso cumprimento de suas obrigações fiscais e regulatórias”.
“Informamos que as redes de padarias e farmácias já se colocaram à inteira disposição das autoridades e estão colaborando ativamente com o andamento das investigações, fornecendo toda a documentação e as informações solicitadas para o completo esclarecimento dos fatos”, concluiu.
Apesar das medidas de busca e apreensão da PCDF, a rede de padarias seguiu funcionando normalmente nesta quarta-feira (19/11), inclusive divulgando seus produtos nas redes sociais.
