Servidor da CGU que agrediu mulher já ameaçou gerente de mercado no DF

O auditor da Controladoria-Geral da União (CGU) David Cosac Júnior, de 50 anos, flagrado em vídeo agredindo uma mulher e uma criança de 4 anos, possui antecedentes por comportamento agressivo. Em 2019, o servidor público foi condenado pela Justiça do Distrito Federal após agredir verbalmente e ameaçar o gerente de um supermercado.

A confusão teve início no caixa de um supermercado em Águas Claras, em 2017, devido a uma divergência de preços em dois produtos. Segundo o relato do processo da época, a demora na correção do valor teria irritado o servidor público.

Quando o gerente da loja tentou intervir e solicitou que David se dirigisse a outro caixa para agilizar o atendimento dos demais clientes, o auditor teria chutado o carrinho de compras repetidas vezes.

Mesmo após a solução do problema técnico, o servidor teria passado a desferir ofensas verbais contra o funcionário. De acordo com o depoimento do gerente, o auditor gritou “em alto e bom som” que o trabalhador “não era homem”, além de xingá-lo de termos como “zé ruela” e “vagabundo” na presença de clientes e outros funcionários.

O auditor também teria questionado o horário de saída do gerente, insistindo para que ambos fossem para o lado de fora do estabelecimento para resolver a questão, o que foi interpretado como uma intimidação para uma agressão física.

Em diversos momentos, David teria ainda enfatizado sua condição de funcionário público da CGU. No processo, o registro aponta que tal conduta demonstrou “despreparo e soberba” por parte de David.

O episódio foi registrado na 21ª Delegacia de Polícia e resultou em uma ação por danos morais. O processo foi encerrado após um acordo judicial, no qual o auditor pagou uma indenização de R$ 800 à vítima.

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O homem agride a mulher e a criança com tapas e socos

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O homem não foi preso

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As agressões foram registradas pelas câmeras de monitoramento do prédio

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Violência doméstica

A gravação do episódio de violência doméstica foi revelada pela colunista Mirelle Pinheiro, na última terça-feira (23/12).

A coluna teve acesso a um vídeo que mostra Davi agredindo uma mulher e uma criança. A violência ocorreu por volta das 19h40 do dia 7 de dezembro, no estacionamento de um prédio residencial.

Moradores que presenciaram as agressões relataram que acionaram a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) após tomarem conhecimento do episódio. Apesar disso, o homem não foi preso.

Nomeado em 2007 como analista de Finanças e Controle da CGU, ele passou a atuar, em 2016, como auditor federal de Finanças e Controle do órgão. A coluna apurou, por meio do Portal da Transparência, que o salário mensal recebido por ele gira em torno de R$ 25 mil.

 

Nas imagens, a mulher aparece segurando a criança no colo, aparentemente dormindo sobre seu ombro, quando, de forma repentina, David avança contra os dois e passa a desferir tapas no menino.

Em seguida, mãe e filho caem no chão, mas as agressões continuam. O auditor segue atacando as vítimas e chega a puxar a criança pelo braço. Na tentativa de protegê-lo, a mulher se deita sobre o menino.

Após se levantarem, o homem volta a agredir a criança, desferindo um tapa violento na cabeça do garoto.

Investigação

Procurada, a PCDF informou que, na data dos fatos, recebeu uma denúncia anônima relatando que um morador de um edifício em Águas Claras havia agredido uma mulher e o filho dela. A denúncia foi acompanhada por um vídeo das agressões.

Uma equipe policial foi até o endereço, onde o suspeito recebeu os agentes na presença do subsíndico do prédio. Aos policiais, David alegou que havia encerrado o relacionamento com a mulher e que os dois se desentenderam, entrando em vias de fato.

Segundo a corporação, o autor telefonou para a ex-namorada e repassou o aparelho a uma agente da delegacia, que conversou com a vítima. A mulher afirmou que havia terminado o namoro e que não desejava registrar ocorrência contra o agressor.

Ainda conforme a PCDF, a agente orientou que a criança fosse apresentada na 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) para, posteriormente, ser encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML).

O subsíndico se comprometeu a preservar as imagens do episódio e apresentá-las à unidade policial. Ele afirmou, ainda, não ter conhecimento de episódios anteriores de violência doméstica envolvendo o suspeito.

O caso é investigado pela Seção de Atendimento à Mulher da 21ª DP.

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Medidas protetivas

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) determinou, nessa quarta-feira (24/12), medidas protetivas contra o auditor.

O Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Águas Claras concedeu as medidas em favor da criança de 4 anos.

Por sua vez, a mulher dispensou medidas protetivas para si mesma. Ela justificou que ambos trabalham no mesmo órgão e moram próximos, e que ele teria garantido que não a procuraria. No entanto, considerou prudente a proteção para o filho.

As medidas protetivas estabelecidas pela Justiça determinam que David está proibido de se aproximar da vítima, devendo manter uma distância mínima de 300 metros. Além disso, foi imposta a proibição de manter contato com o menor por qualquer meio de comunicação.

Por fim, o agressor está impedido de frequentar o endereço residencial da criança em Águas Claras, medida que visa preservar a integridade física e psicológica do ofendido.

Expulsão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifestou, nesta quinta-feira (25/12), sobre o caso do servidor. O presidente afirmou que determinou a expulsão do homem.

“A agressão covarde de um servidor da Controladoria-Geral da União contra uma mulher e uma criança, divulgada em vídeo pela imprensa, é inadmissível e precisa de uma resposta firme do Poder Público, considerando tratar-se de um servidor federal. Por isso, determinei ao ministro Vinícius de Carvalho, controlador-geral da União, a imediata abertura de processo interno para responsabilização e expulsão do serviço público do agressor”, declarou Lula por meio de um post no X.

 

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