Figura conhecida entre proprietários rurais, advogados e autoridades policiais do agreste alagoano, José Fernando da Silva acumulou ao longo dos anos uma reputação associada a invasões de terra, disputas judiciais e sucessivos confrontos. Ao lado da esposa, Edvete Felix Barbosa de Menezes, ele combina discursos religiosos sempre com uma Bíblia em mãos à insistência com que exibe uma pasta de documentos que, segundo afirma, comprovariam a posse de diversas propriedades na região.
Uma consulta ao Sistema de Automação da Justiça (SAJ) do Tribunal de Justiça de Alagoas aponta ao menos 13 processos envolvendo o casal. As ações abrangem desde esbulho possessório, caracterizado pela privação total e injusta da posse de um bem até acusações criminais que incluem desacato, desobediência e desentendimentos com proprietários que resistem às supostas ocupações.
Advogados que acompanham casos semelhantes afirmam que também podem existir procedimentos relacionados a estelionato, ainda que as informações não estejam completamente consolidadas. O que se observa, porém, é um padrão recorrente: invasões, litígios constantes, geração de inimizades e um histórico de tensão que se prolonga há anos.
A atuação de José Fernando resultou inclusive em condenação na Justiça Federal, reforçando a percepção de moradores e autoridades de que seu nome está associado a disputas e instabilidade no campo.
Em Arapiraca, são frequentes os relatos de proprietários que dizem ter enfrentado ameaças, pressão ou constrangimentos ao tentar impedir novas ocupações. “Ele tem vocação para arrumar encrenca”, relata um morador que já esteve em litígio com o posseiro e prefere não se identificar por temer represálias.
Com diversos processos ainda em andamento, a presença de José Fernando nas áreas rurais da cidade continua gerando apreensão e alimentando a percepção de que, para muitos, o conflito pela terra ainda está longe de um desfecho.