O Supremo Tribunal Federal (STF) começou, nesta quarta-feira (27/11), a analisar três ações que discutem a responsabilidade de provedores de internet na remoção de conteúdos com desinformação e discurso de ódio, sem necessidade de ordem judicial. O julgamento aborda aspectos cruciais do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014) e pode redefinir regras sobre o papel das plataformas digitais na moderação de conteúdos.
As ações, relatadas pelos ministros Luiz Fux, Edson Fachin e Dias Toffoli, foram liberadas para julgamento em agosto deste ano.
Pautas do julgamento
- Constitucionalidade da regra do Marco Civil da Internet
Na ação relatada por Dias Toffoli, o STF discutirá a constitucionalidade do dispositivo que exige ordem judicial para responsabilizar provedores por conteúdos ilícitos. A análise é central para definir se plataformas devem atuar de forma preventiva, retirando conteúdos potencialmente ilegais sem intervenção da Justiça.
- Fiscalização de conteúdos ofensivos por provedores
Sob a relatoria de Luiz Fux, o tribunal avaliará se empresas que hospedam sites na internet têm obrigação de monitorar e remover conteúdos ofensivos por iniciativa própria, sem determinação judicial.
- Bloqueio de aplicativos como WhatsApp
A ação relatada por Edson Fachin aborda a legalidade de decisões judiciais que determinam o bloqueio de aplicativos de mensagens, como o WhatsApp, em casos de descumprimento de ordens para fornecimento de dados.
Debate público e implicações
Em 2023, o STF promoveu uma audiência pública para ouvir especialistas, representantes do setor público e da sociedade civil sobre as regras do Marco Civil da Internet. A discussão girou em torno de aspectos técnicos, econômicos e jurídicos relacionados à moderação de conteúdos e à liberdade de expressão.
O julgamento é acompanhado com atenção por entidades de direitos digitais, empresas de tecnologia e organizações da sociedade civil, que alertam para possíveis impactos na liberdade de expressão e no combate à desinformação.
Com o aumento de conteúdos nocivos na internet, a decisão do STF pode estabelecer novos parâmetros para a responsabilidade de plataformas digitais no Brasil, definindo até onde vai o papel de fiscalização das empresas e onde começa a atuação do Judiciário.