A tia do jovem universitário João Gabriel Matos da Silva, 20 anos, que morreu na tarde desta quinta-feira (14/8), após ser baleado por um policial civil, no Recanto das Emas, disse que o agente “atirou para matar”.
Em entrevista na 27ª Delegacia de Polícia (Recanto das Emas), Ivoneide Matos, 39, afirmou que João Gabriel estava dando carona para um amigo, quando foi baleado pelo policial.
“Disseram que o policial cismou com ele, ficou muito nervoso e começou a gritar. Deu um tiro por trás, que atravessou o braço do adolescente e acertou o corpo do Gabriel”, relatou Ivoneide que, além de tia, é madrinha do jovem.
Ainda de acordo com ela, testemunhas relataram que, quando o universitário caiu no chão, ainda estava vivo. “Ele (João Gabriel) ainda estava com respiração e pedindo socorro, mas o policial não deixou ninguém chegar perto. Ele ainda estava com o capacete e sufocando, por causa do tiro”, detalhou, emocionada.
Segundo Ivoneide, a família está revoltada com o caso e quer justiça pela morte do sobrinho e afilhado. “O policial matou porque quis. Eles tiraram a vida do meu sobrinho”, lamentou.
João Gabriel estudava tecnologia da informação na Estácio. O Metrópoles apurou que, nesta quinta-feira (14/8), ele trabalhou o dia todo, ajudando o pai na reforma do apartamento da família, no Recanto das Emas. O jovem era o único filho da família.
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Entenda o caso
O caso ocorreu na Quadra 509 do Recanto das Emas. Segundo relatos de vizinhos, um agente da PCDF estava entregando uma intimação em um Versa Branco descaracterizado, quando João Gabriel Matos da Silva passou em uma moto, junto com um adolescente de 15 anos na garupa.
O policial civil teria desconfiado dos dois e decidiu abordar os rapazes. Ainda não se sabe em que circunstâncias os disparos ocorreram, mas o fato é que da arma do servidor partiram dois disparos. Um deles atingiu a lateral do corpo de João Gabriel, e o outro, o braço do adolescente. João Gabriel morreu na hora. Já o menor foi levado para o Hospital Regional de Ceilândia (HRC).
A PCDF não se manifestou oficialmente, mas segundo vizinhos contaram ao Metrópoles que o policial teria apontado a arma para João Gabriel e gritado para ele “descer da moto”. Porém, como estava à paisana, a vítima pode ter pensado que se tratava de um bandido e acabou acelerando, Neste momento, o agente apertou o gatilho ao menos duas vezes, provocando a tragédia.
Em entrevista ao Metrópoles, o motorista de ônibus João de Assis da Silva Matos, de 50 anos, fez um desabafo sobre a morte do filho.
Assista:
Protestos
Durante a perícia no local, familiares e amigos de João Gabriel se uniram em um momento de homenagem, protesto e oração. Como João Gabriel era descrito como muito querido na comunidade, o clima na rua era de tristeza e revolta com o que classificaram de “ação desastrosa” do policial, que, até a última atualização deste texto, não teve a identidade revelada.
Indignados, dezenas de vizinhos e parentes de João Gabriel se dirigiram para a porta da 27ª DP para protestar. Em função disso, a unidade teve a segurança reforçada durante a noite.
Veja fotos do local:
João Gabriel foi baleado por um agente da PCDF
Willian Matos / Metrópoles2 de 6
Jovem de 20 anos morreu na hora
Willian Matos / Metrópoles3 de 6
Pai de João Gabriel estava revoltado
Willian Matos / Metrópoles4 de 6
João Gabriel era estudante de TI
Reprodução/redes sociais5 de 6
Vizinhos e parentes protestaram na delegacia
Willian Matos / Metrópoles6 de 6
Caso ocorreu no Recanto das Emas
Willian Matos / Metrópoles