No Judiciário brasileiro, a influência familiar é incômoda e questionável. Dois Ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Mauro Campbell e Humberto Martins, parecem ter usado seu prestígio para facilitar a nomeação de parentes para cargos de extrema relevância, como o de desembargador. Esse tipo de prática suscita reflexões sobre a imparcialidade e a integridade dos processos seletivos em um dos poderes mais importantes do país.
Em abril de 2021, Vânia Maria Marques Marinho, irmã de Mauro Campbell, foi nomeada desembargadora do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) pelo Governador Wilson Lima, figura envolvida em investigações de corrupção. Embora possa ser vista como coincidência, muitos acreditam que o parentesco com um Ministro do STJ influenciou a decisão. Esse caso levanta uma questão crítica: até que ponto a independência do Judiciário é garantida quando nomeações técnicas podem estar sujeitas a relações familiares?
Não menos polêmico é o caso de Eduardo Martins, filho do ex-Presidente do STJ, Humberto Martins, que assumiu em março de 2024 uma vaga no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Eduardo já havia sido implicado em um escândalo de corrupção na Operação Lava Jato, que revelou R$ 800 mil apreendidos em seu escritório. A situação se torna ainda mais desconfortável ao se considerar suas relações com políticos influentes, como o senador Flávio Bolsonaro.
Essas histórias de parentes próximos nomeados para posições estratégicas levantam sérias dúvidas sobre a imparcialidade e a transparência no Judiciário. Afinal, como garantir que interesses pessoais e familiares não interfiram em futuras decisões judiciais? Tais episódios indicam uma linha tênue entre influência e justiça, e para muitos, a sensação é de que o Judiciário precisa reforçar os critérios de lisura e conduta ilibada nas nomeações, além de manter a distância necessária entre laços de sangue e decisões técnicas.