Depois de a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) abrir inquérito para investigar um episódio envolvendo o deputado distrital Daniel Donizet (PL), um ex-assessor dele e uma prostituta, outro caso em que o nome do parlamentar é citado veio à tona.
Desta vez, um servidor do Governo do Distrito Federal (GDF), que prefere não ser identificado, afirma que foi xingado, ofendido e ameaçado pelo distrital em uma ligação telefônica por áudio no aplicativo WhatsApp. O parlamentar nega.
Os ataques teriam ocorrido após ele produzir vídeos mostrando o descaso na região administrativa do Gama. O homem também pediu a intercessão do Executivo na cidade.
A ligação de aproximadamente 16 minutos recebida pelo servidor na tarde de 3 de abril deste ano, uma segunda-feira, foi gravada. No vídeo obtido pelo Metrópoles, é possível ouvir uma pessoa que seria o deputado distrital proferindo palavrões, ameaças e até um “ultimato” contra o rapaz.
Em nota, a defesa do deputado Daniel Donizet afirma que “não reconhece a autenticidade do vídeo divulgado e, por ter a certeza da existência de manipulação do material, já entrou com as devidas medidas jurídicas contra o conteúdo”.
Ouça os principais trechos do telefonema:
À reportagem o homem explicou que resolveu gravar a ligação porque, antes disso, havia recebido uma mensagem ofensiva em que o parlamentar o chamava de “vagabundo”.
A vítima afirmou, ainda, que a intenção dele não era divulgar as imagens, e que só tentava se precaver para evitar algo pior. “Eu não sabia o motivo da ofensa. Tive medo e procurei ter cautela, até para a minha segurança”, afirmou o servidor.
A defesa de Donizet diz que “a pessoa responsável pela gravação e divulgação do vídeo já é alvo de outras investigações da Polícia Civil do DF pela produção e compartilhamento de fake news”. O servidor afirma que foi chamado na delegacia para prestar esclarecimentos sobre os fatos, mas nega ser investigado pelo caso.
Agressões físicas e sexuais
No episódio investigado pela PCDF, uma garota de programa de 25 anos registrou boletim de ocorrência acusando Marco Aurélio Oliveira Barboza, ex-assessor do distrital Daniel Donizet, de agressões físicas e sexuais. Segundo ela, o deputado teria ouvido e percebido os crimes, que ocorreram em um motel no Núcleo Bandeirante, em março deste ano.
Em julho, uma mulher acusou Donizet de tocar no corpo dela durante uma festa e chamá-la de “gostosa”. Ela deu depoimento ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), onde o caso tramita em sigilo.
Socos, tapas e stealthing: o que aconteceu entre prostituta e assessor de deputado em motel
À época, o gabinete de Daniel Donizet disse que a denúncia é “infundada” e o parlamentar não esteve presente no local apontado pela garota de programa, nem participou do evento citado.
A assessoria do deputado destacou interesses em oposicionistas em tomar o cargo. “O parlamentar comprovará a inocência e que tudo não passou de uma cruel investida de oposicionistas interessados em tomar, de forma não democrática, a cadeira na Câmara Legislativa para qual ele foi eleito de forma legítima”.
Desfiliação
Na última quarta-feira (16/8), a diretoria do Partido Liberal (PL) autorizou o deputado distrital Daniel Donizet a deixar a sigla e solicitar a desfiliação partidária.
O pedido foi feito pelo parlamentar após ser alvo de processo na comissão de ética da legenda, em decorrência das acusações de suposto assédio envolvendo o ex-assessor do gabinete de Donizet.
“A decisão ocorreu, principalmente, após a legenda abrir processo disciplinar contra o mandatário, mesmo ciente de que o parlamentar não foi notificado ou sequer citado na investigação que envolve uma garota de programa e um ex-assessor”, respondeu a assessoria do deputado em nota.
A defesa do parlamentar entrou com um pedido no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para autorização da saída. Caso aprovada, em uma nova etapa, Donizet deve solicitar o pedido de desfiliação partidária. O objetivo desse pedido inicial é para que não seja acusado futuramente de infidelidade partidária.
Após o pedido do deputado, a comissão executiva do partido autorizou o pedido de desfiliação e determinou imediata suspensão do processo ético disciplinar que estava correndo no partido contra ele.
O Metrópoles revelou na quarta-feira (23/8), que o TRE autorizou a desfiliação de Donizet sem a perda do mandato.