O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quinta-feira que a voz dos estudantes da rede pública será o principal trunfo brasileiro na Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP30), que será sediada em Belém no próximo mês. A intenção do presidente é entregar, pessoalmente, a cada chefe de Estado e de governo participante, uma carta formulada por alunos, na qual estarão registrados seus compromissos ambientais e demandas ao poder público.
A promessa foi feita durante a VI Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, realizada em Luziânia (GO), que reuniu cerca de 400 alunos, entre 11 e 14 anos, de um processo que mobilizou 8.732 escolas em todo o país. A carta, a ser finalizada pelos participantes da conferência, abordará temas como respeito aos povos originários, prevenção de riscos e combate à discriminação.
“Vamos ter a reunião de chefes de Estado, em Belém, e quero entregar uma carta dessas para cada presidente de país estrangeiro. Quero que saibam o grau de maturidade política, de maturidade climática, que tem o nosso jovem”, frisou Lula, em seu discurso. O presidente aproveitou para alfinetar nações desenvolvidas, afirmando que “tem muito presidente que não tem noção de quanto gás de efeito estufa uma bomba solta no planeta”.
Brasil “não recebe lição de moral”, diz presidente
Lula fez questão de reafirmar a postura de liderança do país na agenda ambiental, defendendo que o Brasil não tem lições a receber. “Ninguém pode dar lição de moral ao Brasil sobre a questão do clima. Não somos os donos da verdade, mas não tem ninguém fazendo mais do que nós com a dedicação que estamos fazendo”, enfatizou o presidente.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, seguiu a mesma linha, criticando nações que, segundo ela, defendem o meio ambiente apenas “no país dos outros”. Marina destacou a redução do desmatamento na Amazônia (46%), no Cerrado (25%) e no Pantanal (77%) desde o início da gestão, reiterando a meta de desmatamento ilegal zero até 2030. A ministra também ressaltou que a promoção de um ecossistema saudável exige democracia e a escuta da população, incluindo crianças e adolescentes.
Proposta de “Turismo pelo Brasil” e crítica a conflitos
O presidente aproveitou o evento para sinalizar a intenção de criar um programa de turismo estudantil que priorize o conhecimento do Brasil. Lula disse ter “brigado” com o ministro do Turismo, Celso Sabino, sobre a necessidade de incentivar os jovens a conhecer as belezas naturais do país antes de visitar destinos estrangeiros, como a Disney.
“Por que a gente não pega nossas crianças e faz um turismo pelo Rio Amazonas? Pelo Rio Tapajós? Pelo Rio Solimões?”, questionou, ressaltando o desconhecimento do próprio país em relação às suas reservas naturais e riquezas minerais.
Em outro momento de seu discurso, Lula criticou duramente o gasto global de US$ 2,7 trilhões com armamentos e os conflitos internacionais, citando especificamente a situação na Faixa de Gaza. “O que você vai fazer com as milhares de mulheres e crianças inocentes que morrem na Faixa de Gaza? O que você vai fazer para as pessoas que foram assassinadas pelo Hamas? Essas vidas você não recupera”, lamentou.
Também participaram da conferência os ministros Camilo Santana (Educação) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral), que destacou o resgate das conferências nacionais, suspensas no governo anterior e retomadas pela atual gestão.
