Entre janeiro e setembro deste ano, o Distrito Federal registrou 4.212 acidentes envolvendo animais peçonhentos, segundo a Secretaria de Saúde (SES-DF). Os escorpiões foram responsáveis pela maioria dos casos, com 3.556 ocorrências, o equivalente a 84,4% do total. Em média, 13 acidentes por dia com o animal foram notificados na capital do país.
Em decorrência desses acidentes e, consequentemente do efeito tóxico da picada do escorpião, 336 pessoas precisaram ser internadas na rede pública de saúde do DF até agosto de 2025. O quantitativo sugere um aumento de 18% no número de hospitalizações quando comparado com o mesmo período de 2024, com 283 internações.
De acordo com a SES-DF, cerda de 91,9% dos casos envolvendo acidentes com escorpiões ocorreram com moradores do DF. A empreendedora Micaelly Lima, 22 anos, foi surpreendida com o aparecimento de escorpiões na residência dela. Apenas na última semana, encontrou quatro.
“Eu moro de aluguel em um barraco de fundo na Expansão do Setor O. Desde a semana passada, estou encontrando escorpiões. Já achei em cima da minha cama, no colchão da minha filha, no forro e pelo chão da casa”, relata Micaelly.
Mãe de duas crianças pequenas, a empreendedora decidiu sair do barraco por medo de que seus filhos corressem risco de levar picada do animal peçonhento. “Está perigoso para as crianças. A casa é limpa e, mesmo tampando todos os buracos e ralos, os escorpiões continuam aparecendo”, comenta.
No início deste mês, uma menina de 7 anos foi picada na perna por um escorpião em Padre Bernardo, Entorno do DF. O animal estava escondido na cama em que ela dormiu.
“Levamos ela a um hospital em Padre Bernardo mesmo, onde deram uma anestesia no local da picada para aliviar a dor. Depois que descobrimos que se tratava de uma picada de escorpião, a levamos para o Hospital Regional de Brazlândia, onde foi aplicado o soro antiescorpiônico”, detalhou a recepcionista Rayanne Câmara, madrasta da menina.
Orientações da SES-DF
A recomendação é que, ao encontrar um escorpião em casa, o morador entre em contato com a Vigilância Ambiental, por meio do número 162, ou registrando um chamado na Ouvidoria pelo sistema Participa DF.
Nos primeiros nove meses deste ano, foram atendidas 1.978 solicitações para visitas devido ao aparecimento de escorpiões pela Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival).
Durante as ações, os profissionais orientam os moradores sobre cuidados como a instalação de vedação nas portas, colocação de telas nos ralos, controle de baratas — principal fonte de alimento dos escorpiões — e a eliminação de entulhos e restos de materiais de construção. As medidas visam à segurança da população diante da maior incidência de acidentes com escorpiões em determinadas épocas do ano.
Além disso, indicam medidas para evitar acidentes, como vistoriar os sapatos, roupas e toalhas antes de usar, e afastar camas, berços e sofás das paredes.
A SES-DF busca atuar nos locais com maior infestação, por meio de ações de controle, captura (busca ativa) e manejo ambiental. As medidas de controle e manejo populacional de escorpiões se baseiam na retirada/coleta dos escorpiões e orientações para modificação das condições do ambiente a fim de torná-lo desfavorável à ocorrência, permanência e proliferação destes animais.
Fui picado por escorpião. O que devo fazer?
A SES-DF informa que, em caso de picada de escorpião, a recomendação é:
- Lave o local da picada com água e sabão para remover sujeira;
- Eleve o membro afetado a fim de evitar que o veneno se espalhe mais rapidamente;
- Procure atendimento médico imediatamente;
- Informe qual animal o picou para que o tratamento seja mais eficaz (se possível e seguro, tirar a foto do animal. Pode ajudar a identificação, mas é preciso tomar cuidado e não se arriscar para evitar outros acidentes).
Se o ataque for por escorpião, aranha, lagarta e lacraia, os números para contato com a Vigilância Ambiental são o 160 ou pelo e-mail gevapac.dival@gmail.com para agendamento da inspeção. Após o agendamento, uma equipe é enviada à residência que faz a coleta dos animais existentes, com busca em caixas de esgoto, entulhos e outros locais.
Em caso de emergência, contate imediatamente o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (192) ou o Corpo de Bombeiros (193).
A Secretaria de Saúde conta ainda com o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) do Samu, referência no atendimento aos pacientes intoxicados e vítimas de acidentes com animais peçonhentos, que funciona 24 horas por dia, o ano todo.
O Ciatox possui equipe multidisciplinar de médicos, enfermeiros e farmacêuticos que prestam orientação à população do DF e do país todo. Em caso de emergência ligar para o 0800-644-6774 ou (61) 99288-9358.
