A gordura no fígado, conhecida como esteatose hepática, tem se tornado um problema de saúde cada vez mais comum entre os brasileiros. A condição, muitas vezes silenciosa, pode evoluir de forma lenta, mas trazer consequências graves se não for detectada precocemente.
Relacionada à obesidade, ao sedentarismo e à resistência à insulina, a esteatose é caracterizada pelo acúmulo de células de gordura no tecido do fígado. O quadro pode variar entre leve, moderado e grave, e, no início, costuma passar despercebido.
“O problema começa de forma discreta, mas pode evoluir para inflamações crônicas e fibrose, aumentando o risco de cirrose e câncer de fígado”, explica o endocrinologista Paulo Bittencourt, presidente do Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig).
Embora muitos casos não apresentem sintomas claros, a doença pode se manifestar com desconfortos abdominais e sinais inespecíficos.
À medida que a gordura se acumula, o corpo começa a dar alguns alertas, como dores na parte superior direita do abdômen, onde fica o fígado, sensação de cansaço e fraqueza, perda de apetite e inchaço abdominal. Também podem surgir dor de cabeça frequente, aumento do tamanho do fígado e dificuldade para perder peso.
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De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 30% da população brasileira tem gordura no fígado, e metade desses casos pode evoluir para estágios mais graves.
“Acredito que 70% das pessoas que têm esteatose hepática não sabem que estão doentes. Ficar muito tempo com a inflamação pode se tornar algo crônico e causar cicatrizes no fígado e outros problemas”, alerta o clínico geral Marcos Pontes, da Clínica Evoluccy, em Brasília.
Em quadros avançados, a inflamação se intensifica e compromete o funcionamento do órgão. Embora o fígado tenha uma notável capacidade de regeneração, essa habilidade tem limite. Quando o acúmulo de gordura leva à fibrose e à cirrose, as lesões se tornam permanentes. Por isso, exames periódicos são essenciais para detectar alterações precoces e evitar que o quadro evolua.
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A esteatose hepática é popularmente conhecida como gordura no fígado
Mohammed Haneefa Nizamudeen/Getty Images
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A condição de gordura no fígado acomete 30% da população mundial
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Alterações na função hepática podem provocar distúrbios do sono, como insônia, sonolência diurna e ciclos de descanso irregulares
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No início, as manifestações costumam ser inespecíficas, como cansaço, fraqueza, perda de apetite, náuseas, sensação de inchaço abdominal ou desconforto do lado direito do abdome
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Como se prevenir?
A nutróloga Renata Domingues de Nóbrega destaca que a prática regular de atividades físicas é uma das formas mais eficazes de proteger o fígado. “Praticar exercícios aeróbicos e de resistência regularmente ajuda na saúde do fígado pois melhora a sensibilidade à insulina”, afirma.
Ela ressalta que pessoas com diabetes tipo 2, hipertensão e dislipidemia devem ter atenção redobrada. “Os indivíduos com essas condições têm um risco maior de desenvolver gordura no fígado. É essencial gerenciar adequadamente essas doenças por meio de medicamentos e mudanças no estilo de vida para prevenir a progressão do quadro”, reforça.
A médica também recomenda acompanhamento regular com hepatologista e nutrólogo, especialmente para quem tem histórico familiar ou fatores de risco metabólicos. Manter uma alimentação equilibrada, controlar o peso e evitar o consumo excessivo de álcool são atitudes que ajudam o fígado a continuar funcionando bem e a evitar complicações futuras.
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