A advogada tributarista, pecuarista e triatleta Adriana Mangabeira Wanderley será homenageada com o Prêmio ABIME Saúde e Esportes 2025 no dia 9 de outubro, em sessão solene na Câmara Municipal de São Paulo. O encontro reunirá grandes nomes da saúde e do esporte em uma noite de homenagens promovida pela Associação Brasileira de Imprensa de Mídia Eletrônica (ABIME), sob a presidência de Vera Tabach.
Homenageada da edição deste ano, Adriana combina uma carreira sólida nos tribunais superiores com uma trajetória esportiva marcada pela superação pessoal e pelo incentivo ao triathlon em Alagoas.
Fundadora da Federação Alagoana de Triathlon, em 2001, ao lado de seu treinador de duas décadas, Marcos Fernando Borgognoni, Adriana presidiu a entidade entre 2017 e 2019. Durante sua gestão, trouxe pela primeira vez ao estado o Ironman 70.3, que conferiu à marca três selos internacionais de qualidade e projetou as paisagens alagoanas no cenário esportivo mundial.
Em entrevista ao Capital Brasília, Adriana destacou a importância do reconhecimento.
“Ser homenageada do Prêmio ABIME é um troféu pessoal. Tudo o que passei, os treinos, as privações e a disciplina valeram a pena. O esporte salvou a minha vida, e por isso incentivo sempre que outras pessoas pratiquem alguma atividade física”, afirmou.
Capital Brasília: Adriana, como você recebeu o convite para ser homenageada do Prêmio ABIME Saúde e Esportes 2025?
Adriana Mangabeira Wanderley: Recebi com imensa alegria. Para mim, é uma honra participar deste momento único. Ser escolhida como madrinha representa um troféu pessoal, depois de tantos anos de dedicação ao esporte. Também tive a oportunidade de indicar nomes que, para mim, simbolizam dedicação, superação e inspiração.
Capital Brasília: Você foi escolhida entre tantos convidados. O que esse reconhecimento significa para você?
AMW: Sinto que tudo valeu a pena. Os treinos, as privações, a disciplina, a alimentação regrada, tudo fez sentido. Minha decisão de começar no esporte nasceu de uma dor, mas hoje vejo que foi a melhor escolha da minha vida. Tenho saúde, qualidade de vida e propriedade para afirmar: o esporte salva vidas. Sempre que posso, incentivo outras pessoas a praticarem atividade física.
Capital Brasília: Como foi o seu primeiro contato com o triathlon?
AMW: Em 2001, após a morte do meu pai por câncer, entrei em depressão. Cheguei a passar uma semana sem dormir. Um psiquiatra em São Paulo, que era apaixonado por esporte, me aconselhou a praticar uma atividade que realmente consumisse minha energia. Foi ele quem me apresentou ao triathlon – que na época eu nem sabia o que era. Voltei para Maceió e, na academia, o professor de natação, que era triatleta, me colocou para treinar no dia seguinte. Comecei literalmente do zero.
Capital Brasília: E como o esporte impactou sua vida naquele momento?
AMW: No primeiro mês já percebi uma mudança enorme. Eu tomava medicamentos fortes para dormir e, com os treinos, decidi abandoná-los de vez. Aos 90 dias, participei da minha primeira prova, o Campeonato Brasileiro de Triathlon em João Pessoa. Fui a última a sair da água, mas terminei a prova com uma alegria inexplicável. Para minha surpresa, fiquei em quinto lugar na minha categoria e garanti vaga para o Mundial na Ilha da Madeira, em Portugal. Representar o Brasil foi mágico.
Capital Brasília: Sua carreira no esporte também coincidiu com momentos difíceis da vida pessoal. Como lidou com isso?
AMW: Depois das primeiras vitórias, enfrentei dez anos de luta ao lado da minha mãe, que foi diagnosticada com câncer. Colocava minha bicicleta ao lado da cama dela no hospital para não deixar de treinar. A disciplina de atleta me deu forças para atravessar esse período. Quando ela se foi, sofri muito, mas continuei firme. Mais uma vez, o triathlon foi essencial para manter meu equilíbrio físico e emocional.
Capital Brasília: O triathlon se tornou também uma forma de prevenção para você?
AMW: Sem dúvida. Venho de uma família com histórico de doenças graves: câncer, rins policísticos, diabetes, AVC. Decidi lutar contra essa herança genética com o esporte. Hoje faço exames regularmente e recebo parabéns dos médicos. Costumo dizer que cada treino é como tomar uma cápsula de saúde.
Capital Brasília: E como sua família encarou essa rotina?
AMW: No início, meu irmão mais novo achava que eu estava exagerando com o triathlon. Infelizmente, ele enfrentou sérios problemas renais, passou por hemodiálise e precisou de um transplante. Conversávamos com frequência sobre a importância da atividade física, mas, no fim, ele faleceu. Essa experiência reforçou ainda mais minha convicção de que o esporte tem o poder de transformar vidas e preservar a saúde.
Capital Brasília: Qual é a sua avaliação sobre o cenário atual do triathlon no Brasil?
AMW: O Brasil precisa fortalecer suas federações com apoio de uma confederação transparente, profissional e participativa. Não adianta ter boas ideias sem capacidade de executá-las. É preciso formar equipes capacitadas, com experiência e, principalmente, paixão pelo triathlon. O esporte é uma poderosa forma de inclusão social.
Capital Brasília: Depois de tantos títulos, como você enxerga sua relação com o esporte hoje?
AMW: Para mim, o triathlon não é apenas uma paixão, é um estilo de vida. Preenche os espaços vazios que a vida deixa e me dá saúde e equilíbrio. Sempre que saio para treinar, penso: vou ali tomar uma cápsula de saúde.
Com uma trajetória marcada pela disciplina e pela resiliência, Adriana reafirma que sua missão vai além das competições: usar o esporte como instrumento de transformação social. Ao receber o Prêmio ABIME Saúde e Esportes 2025, ela não celebra apenas conquistas pessoais, mas também a possibilidade de inspirar novas gerações a encontrarem no esporte o caminho para a saúde, a superação e a inclusão.
Ao longo de sua trajetória, Adriana acumulou títulos e participações em competições nacionais e internacionais, destacando-se por seu desempenho e dedicação. Reconhecida como uma das melhores atletas amadoras de 2005, ela consolidou sua reputação no cenário nacional e internacional do triathlon. Em 6 de janeiro de 2025, Adriana abriu o Instituto Adriana Mangabeira, com o objetivo de dar continuidade ao que mais ama: promover a inclusão social por meio do esporte.
