A disputa pela indicação ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem revelado articulações improváveis no cenário político. Uma delas envolveu o ex-deputado federal João Caldas (PL-AL), aliado do bolsonarismo, e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Apesar de estar filiado ao PL desde 2024, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, Caldas procurou Dilma para pedir apoio à nomeação de sua irmã, a procuradora Marluce Caldas, ao STJ. A ex-presidente teria sido acionada como parte da estratégia de reforçar o lobby político em torno da candidatura, que acabou sendo oficializada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
João Caldas é pai do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC), que também atuou nos bastidores em favor da indicação da tia ao tribunal. Segundo aliados, o ex-deputado manteve ao longo dos anos boas relações com setores do PT, mesmo após integrar partidos de oposição.
Não é a primeira vez que Caldas circula entre polos distintos da política nacional. Ele teria sido, inclusive, um dos articuladores da chapa presidencial entre Lula e o empresário José Alencar, em 2002, quando ainda era próximo de setores da base petista.
A articulação, agora concretizada com a escolha de Marluce Caldas para uma das cadeiras do STJ, mostra como a política brasileira segue surpreendendo até os mais experientes observadores — com alianças que, em nome da conveniência, desafiam lógicas ideológicas.