Depois de uma longa fuga de 25 anos, Francisco Edson Pereira (foto em destaque), de 53 anos, considerado o maior foragido da história do Distrito Federal, foi condenado a 18 anos e 9 meses de prisão. A decisão do Tribunal do Júri do Gama é de 1ª instância e cabe recurso.
Francisco Edson é acusado de matar a facadas um homem em 1999, no Gama (DF). Após a denúncia, o condenado desapareceu do DF e passou a viver com um nome falso no Norte do Brasil.
O Ministério Público do DF e dos Territórios (MPDFT) conseguiu colocar um ponto final na fuga e prender Francisco após descobrir registros de Maria da Penha de agressões cometidas pelo acusado contra uma ex-companheira.
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O crime
Natural de Tianguá (CE), o réu trabalhava como repositor em um supermercado. No dia 1º de maio de 1999, no Setor Leste da região administrativa, esfaqueou José Eroaldo Ferreira de Menezes, à época com 22 anos. A vítima morreu.
De acordo com a denúncia, o crime teve motivo torpe, resultante de desavenças, além do emprego de recurso que dificultou a defesa, uma vez que o acusado aproximou-se repentinamente da vítima e a atacou de forma súbita.
Um mandado de prisão preventiva foi expedido em 2000, mas Francisco permanecia desaparecido desde então, tornando-se o fugitivo procurado há mais tempo no DF.
Em 2013, após diversas tentativas de localização, foi determinada a suspensão do processo e do prazo prescricional, porque o réu não compareceu e nem constituiu advogado.
Captura
Em junho de 2024, a Promotoria de Justiça do Gama retomou as diligências para tentar localizá-lo. Francisco foi localizado e preso em 24 de fevereiro de 2025, em Roraima.
A captura foi possível a partir de diligências realizadas pela polícia institucional do MPDFT. A operação contou com o apoio da Polícia Civil de Roraima.
Francisco foi localizado e preso por policiais roraimenses em um sítio na zona rural de Rorainópolis (RR). O suspeito foi conduzido para a capital Boa Vista. E na sequência foi encaminhado para a Papuda, no DF.
Maria da Penha
Segundo o promotor de justiça Marcelo Henrique de Azevedo Souza, Francisco contou que ao fugir do DF foi para Rondônia, onde viveu por cinco anos. Depois mudou-se para Roraima.
Em Rorainópolis (RR), o acusado teve uma companheira. Em 2018, se envolveu em uma ocorrência de Maria da Penha contra a mulher, mas usou um nome falso. Em 2020, cometeu mais um ato de violência e, dois anos depois, voltou a ameaça-la.
O último registro foi feito após Francisco invadir a casa onde a ex-companheira vivia com outro homem. O foragido ameaçou o casal com uma faca.
“Por conta da Maria da Penha, essa mulher o deixou por razões óbvias. Ele invadiu a casa armado de uma faca. As pessoas conseguiram fugir. E a polícia prendeu ele”, contou o promotor.
Os processos de Roraima não tiveram sentença condenatória. Os dois primeiros prescreveram e no último as vítimas não representaram.
“O nome dele é Francisco Edson. Só que ele utilizava Francisco Adriano”, contou o promotor. O Centro de Inteligência do MPDFT flagrou as ocorrências de Maria da Penha.
Os investigadores também cruzaram informações com outros órgãos. Não há registro no INSS e no Ministério do Trabalho, por exemplo. O titulo de eleitor também foi cancelado. “Ele fez de tudo para apagar a identidade dele”, resumiu.
Vida na roça
O MPDFT seguiu a investigação e uma equipe da Promotoria do Gama em conjunto com a Polícia Civil de Roraima localizou o acusado.
“Na fuga, ele sempre trabalhou na área do campo, em lavouras, na roça. Na ocasião ele tentou se desvencilhar da abordagem policial dizendo que o nome dele é Francisco Adriano. Mas depois acabou reconhecendo para os policiais que era de fato o Francisco Edson e tinha se evadido do Gama na década de 1990 por ter matado uma pessoa. E foi preso”, contou.
Segundo o promotor, o primeiro subterfúgio para a longa fuga foi a adoção de um nome falso. Francisco não utilizou documentos falsos, mas passou a se auto identificar como Francisco Adriano.
O foragido deixou de fazer os recadastramentos e registros em órgãos públicos e não portava documentos. Nas ocorrências de Roraima, o acusado não apresentou documentos. Argumentou que eles teriam extraviado e eram oriundos do Ceará.