As investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) revelaram que o ataque hacker que causou um prejuízo em grande escala no sistema financeiro nacional foi realizado de um quarto do hotel Royal Tulip Brasilia Alvorada, localizado no Setor Hoteleiro e Turístico Norte.
A PF deflagrou, na manhã desta quinta-feira (30/10), a segunda fase da Operação Magna Fraus, destinada a desarticular a quadrilha de hackers. O esquema teria desviado mais de R$ 813 milhões de contas usadas por bancos e instituições de pagamento, ligadas ao sistema Pix, do Banco Central (BC).
O ataque feito a partir de uma suíte do hotel de luxo aconteceu em 30 de junho deste ano. Conforme apurado pela PF, os hackers estavam reunidos na hospedagem exatamente no momento em que o dinheiro foi subtraído das contas bancárias.
Em julho, a C&M Software reportou para o Banco Central um ataque às suas infraestruturas digitais. O incidente permitiu o acesso indevido a contas de reserva de pelo menos seis instituições financeiras que estavam conectadas à companhia.
As contas de reservas são contas que os bancos e instituições financeiras mantêm no BC. Essas contas funcionam como uma conta-corrente, e são utilizadas para processar as movimentações financeiras das instituições.
Essas contas ainda servem como uma reserva de recursos que os bancos precisam manter no BC para garantir que cumpram com suas obrigações financeiras.
Também funcionam para que as empresas possam participar de operações com o próprio BC — como empréstimos de liquidez, aplicações em títulos públicos e depósitos compulsórios (valores obrigatórios mantidos pelos bancos no BC).
De acordo com a C&M, criminosos usaram credenciais, como senhas, de seus clientes para tentar acessar seus sistemas e serviços de forma fraudulenta.
Por meio de nota, o Royal Tulip informou que não teve conhecimento da citada operação, mas ressalta estar sempre à disposição das autoridades para colaborar com qualquer investigação.
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Operação Magna Fraus: 2ª fase
A ação ocorreu em 11 cidades brasileiras, com o cumprimento de 42 mandados de busca e apreensão e 26 mandados de prisão, 19 preventivas e 7 temporárias, expedidos pela Justiça.
As diligências ocorreram em: Goiânia (GO), Brasília (DF), São Paulo (SP) e Praia Grande (SP), Belo Horizonte (MG), Betim (MG) e Uberlândia (MG), Itajaí (SC) e Balneário Camboriú (SC), João Pessoa (PB) e Camaçari (BA).
Além disso, foram determinadas medidas de bloqueio de bens e valores que podem chegar a R$ 640 milhões, com o objetivo de descapitalizar a quadrilha.
Parte dos investigados está fora do país. As prisões internacionais ocorreram de forma simultânea, com apoio da Interpol, da Brigada Central de Fraudes Informáticos da Polícia Nacional da Espanha e de forças policiais da Argentina e de Portugal, em regime de cooperação internacional.
Os alvos poderão responder por organização criminosa, invasão de dispositivo informático, furto mediante fraude eletrônica e lavagem de dinheiro.
