Braskem é condenada na Holanda e terá de pagar indenização por afundamento de solo em Maceió

Os magistrados holandeses também criticaram os termos do acordo firmado pela Braskem por entender que ele "não contém uma conclusão substantiva sobre a responsabilidade" da empresa pelo afundamento de bairros.  

Milhares de pessoas perderam suas casas após a mineração da Braskem causar o afundamento de diversos bairros de Maceió, em Alagoas | Jonathan Lins/Folhapress

A Justiça da Holanda afirmou ter visto responsabilidade da Braskem no afundamento de solo em Maceió e condenou a petroquímica ao pagamento de indenização por danos morais a pelo menos nove moradores afetados pelo desastre socioambiental.

O valor da reparação ainda será definido. Procurada, a empresa afirmou que irá contestar a decisão e disse manter seu compromisso com “a segurança das pessoas e com a conclusão das indenizações no menor tempo possível”.

Três juízes assinam a sentença divulgada nesta sexta-feira. As vítimas são representadas pelo escritório Pogust Goodhead. O caso foi levado à Holanda em 2020 porque a petroquímica administra as subsidiárias europeias a partir de Roterdã.

Os moradores alegaram acionar a Corte europeia seria “um caminho para se obter justiça, já que, no Brasil, a empresa não ofereceu compensações adequadas pelos danos sofridos”.

No Brasil, as ofertas de danos morais da Braskem têm sido feitas por família — e não por pessoa. O valor definido no acordo coletivo fechado é de pagamento de 40 mil por núcleo familiar.

Os magistrados holandeses também criticaram os termos do arranjo por entender que ele “não contém uma conclusão substantiva sobre a responsabilidade” da empresa pelo afundamento de bairros.

O desastre ambiental relacionado às atividades da Braskem em Maceió ocorreu após anos de exploração de sal-gema, matéria-prima para a produção de soda caústica e cano PVC.

A mineração, de acordo com Serviço Geológico do Brasil, foi responsável pela criação de crateras subterrâneas, que abriram rachaduras em ruas, prédios e casas e atingiram ao menos 60 mil moradores de bairros localizados às margens da Lagoa Mundaú.

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