De acordo com fontes, a decisão foi tomada após a identificação de riscos financeiros e legais, como a pressão do governo de Alagoas por uma indenização maior em função do desastre ambiental, além da indefinição da Petrobras sobre sua participação na companhia.
Logo após desistir da Braskem, a Adnoc avançou na compra da alemã Covestro por US$ 15 bilhões, reforçando sua estratégia de crescimento. Especialistas apontam que a Braskem se vê em um momento crucial, com o risco de encolher ainda mais no mercado internacional se não conseguir retomar sua competitividade e acelerar sua expansão. “A Braskem corre o risco de ficar pequena quando comparada aos grandes players globais, e acabar perdendo o olhar do mundo”, alerta João Luiz Zuñeda, sócio-fundador da consultoria MaxiQuim.
O que impede a recuperação?
Apesar das dificuldades, a Braskem tem tentado reagir ao cenário desafiador. A empresa adotou algumas estratégias, como a migração de nafta para etano e a expansão de sua produção no complexo de Duque de Caxias (RJ).
Também tem buscado matérias-primas mais competitivas e investido em produtos renováveis. Porém, analistas consideram essas medidas insuficientes para manter a empresa em uma posição relevante no mercado global.
O último grande investimento realizado pela Braskem foi em 2016, com a construção de uma planta no México, um projeto considerado o maior investimento greenfield de uma empresa brasileira no exterior. Porém, desde então, não houve outros movimentos de grande porte para sustentar a competitividade no mercado global.
Futuro da Braskem: a proposta de venda
O principal bloqueio para a recuperação da Braskem reside na situação de sua controladora, a Novonor, que detém 50,1% das ações da empresa. A Novonor, anteriormente Odebrecht, vem tentando vender sua participação desde 2016 para quitar dívidas, especialmente após a crise financeira desencadeada pela Operação Lava Jato.
Entretanto, as tentativas de venda, incluindo negociações com gigantes como a Adnoc, LyondellBasell e Unipar, não avançaram devido a divergências sobre o valor da empresa e a complexidade da estrutura acionária.
Recentemente, a proposta mais viável envolvia a transferência das ações para um fundo com gestão independente, transformando os bancos credores em co-controladores da Braskem. No entanto, a perda de valor da companhia e a persistente incerteza sobre os custos legais do desastre em Maceió dificultam ainda mais qualquer possível negociação.
Para alguns especialistas, a Petrobras, que já detém 38,3% da Braskem, pode ser a última opção para assumir o controle da empresa. Essa possibilidade, no entanto, levantaria questões sobre uma possível estatização informal da companhia, o que geraria incertezas para os investidores.
A situação da Braskem, portanto, segue indefinida. Se não encontrar uma solução para seu impasse financeiro e operacional, corre o risco de perder a relevância no mercado global e ser superada por novos e mais poderosos concorrentes, como a Borouge Group. O futuro da empresa dependerá de decisões estratégicas urgentes e de um alinhamento mais claro entre seus acionistas.