A forma com que o vírus da gripe (Influenza) aprende a se adaptar para infectar humanos sempre intrigou os cientistas. Parecia que o patógeno tinha uma capacidade ímpar de adaptação para nos contagiar, entretanto, um novo estudo revelou que ele pode ter um aliado inesperado na hora de nos deixar doentes.
Nossas próprias células indicam para o vírus o caminho de onde é mais fácil entrar nelas e, ainda por cima, esticam suas membranas para abraçar o invasor em um processo que os médicos definiram como “estender a mão ao inimigo”.
Leia também
-
Gripe aviária pode “driblar” principal defesa do corpo, mostra estudo
-
Anvisa define vírus de vacinas da gripe para 2026. Entenda
-
Ator perde metade do pulmão após confundir câncer raro com gripe
-
Nova variante de vírus da gripe detectada na China preocupa cientistas
A descoberta foi feita por uma equipe que analisou o comportamento do vírus em detalhes. Os cientistas da Suíça e do Japão usaram técnica própria de microscopia e ampliaram a imagem da superfície celular em uma escala que não havia sido obtida ainda, permitindo assistir a entrada da partícula maliciosa em tecido vivo com nitidez.
Eles viram que as células não permanecem passivas na aproximação do Influenza, na realidade elas atual para capturar o invasor. “A infecção das células do nosso corpo é como uma dança entre o vírus e a célula”, diz o médico Yohei Yamauchi, líder do estudo.
Célula se abre para a gripe
A partícula explora o processo de absorção natural que garante a entrada de hormônios, colesterol e ferro nas células. O que o vírus da gripe faz é enganar, em uma dança com a célula, para ser interpretado como uma fonte benéfica de insumos.
Ele se move pela membrana e transita por ligações sucessivas até alcançar a zona rica em receptores. O que a pesquisa descobriu é que a célula facilita a entrada da doença por ali, abrindo suas entradas e esticando sua membrana para puxar o vírus direto para o interior.
Esse movimento só pode ser observado por uma nova técnica que combinou fluorescência e observação microscópica para estudar os movimentos das membranas. Com isso, a equipe demonstrou que células ajudam o vírus em várias etapas e inclusive se movimentam mais fortemente se o vírus tenta se soltar.
Microscopia ViViD-AFM amplia alcance
Para os pesquisadores, o método de observação, chamado ViViD-AFM, possibilita testar candidatos a antivirais diretamente em culturas vivas para entender como eles podem sinalizar para as células que aquela partícula não é amiga.
Com isso, a pesquisa abre caminho para a avaliação de fármacos e também para entender as adaptações que as doenças criam em suas estruturas. Os autores do estudo enfatizam que a técnica também poderia ser usada para investigar o comportamento de outros vírus ou até mesmo de vacinas.
De acordo com infectologistas, a gripe é causada por vários vírus diferentes, mas os principais são os subtipos H1N1 e H3N2 do influenza
Getty Images2 de 4
Os principais sintomas da gripe são dor no corpo, fadiga, febre, secreção, coriza, espiros e tosse. Os casos são limitados e, em dois ou três dias, o paciente não apresenta mais indícios da doença
Getty Images3 de 4
A indicação é que pessoas gripadas bebam bastante líquido e descansem
Getty Images4 de 4
O uso da máscara é importante em caso de infecções respiratórias
Getty Images
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!
