Uma pesquisa publicado nesta segunda-feira (3/11) revela como o astrovírus humano, uma das principais causas de gastroenterite viral, consegue entrar nas células do corpo.
O estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, identificou a estrutura usada pelo vírus para se ligar às células humanas. Os resultados publicados na revista Nature Communications ajudam a compreender uma etapa essencial do ciclo de vida do vírus e a analisar novas estratégias para o desenvolvimento de vacinas e terapias.
O que é o astrovírus?
- O vírus é uma das principais causas de gastroenterite viral, doença que provoca vômitos, diarreia e febre, especialmente em crianças pequenas e idosos.
 
- Em regiões de baixa renda, a infecção agrava quadros de desnutrição e compromete o desenvolvimento infantil.
 
- Até hoje, não há vacinas disponíveis para combater o astrovírus humano.
 
Como o astrovírus entra no corpo
Nos últimos anos, os cientistas descobriram que o astrovírus se liga a uma proteína presente nas células humanas, chamada receptor neonatal Fc. Essa proteína é responsável por transportar anticorpos da mãe para o bebê durante a amamentação e continua atuando ao longo da vida na circulação de anticorpos e outras moléculas de defesa.
O novo estudo detalhou como ocorre essa ligação. Em laboratório, os cientistas recriaram versões do vírus e do receptor para observar onde exatamente ocorre a interação. Por meio da cristalografia de raios X, técnica que permite visualizar proteínas em nível atômico, eles descobriram que o vírus se conecta ao mesmo ponto do receptor usado pelos anticorpos.
Leia também
Segundo a professora Rebecca DuBois, o astrovírus aproveita uma via natural do organismo para invadir as células. Ela explica que compreender esse mecanismo é essencial para desenvolver formas de impedir que o vírus se replique dentro do corpo.
Perspectivas para vacinas e tratamentos
Os cientistas destacam que já existem medicamentos aprovados pela FDA (agência reguladora dos Estados Unidos) que atuam na mesma via dos anticorpos explorada pelo vírus. Essa semelhança pode facilitar a adaptação de tratamentos já disponíveis para combater o astrovírus, reduzindo o tempo de desenvolvimento de novas terapias.
“Descobrimos uma parte realmente importante do ciclo de vida do vírus e sabemos agora onde ocorre essa interação com o receptor humano. Isso permite pensar em vacinas que possam atingir esse ponto e bloquear a infecção”, afirmou DuBois.
A equipe pretende continuar as investigações sobre vacinas e possíveis tratamentos capazes de impedir a ação do astrovírus no organismo.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!