Trechos do genoma humano antes considerados sem função podem ter um papel importante no combate ao câncer. Um estudo publicado na revista Blood, em 11 de setembro, revelou que partes do DNA, conhecidos como “DNA lixo”, podem ser usadas para destruir células cancerígenas no sangue que não respondem aos tratamentos convencionais.
Essas regiões do DNA, conhecidas como não codificantes, não produzem proteínas. Por muito tempo, os cientistas acreditaram que elas não tinham função biológica. Hoje, sabe-se que as áreas desempenham papéis importantes na regulação dos genes e no controle de vários processos celulares.
Entre elas estão os chamados elementos transponíveis, pequenas sequências capazes de se mover dentro do genoma, mudando de posição e influenciando o comportamento das células.
Ataque às células cancerígenas
A equipe liderada pelo pesquisador Chi Wai Eric So, do King’s College London, no Reino Unido, descobriu que alguns tipos de câncer no sangue, como a síndrome mielodisplásica e a leucemia linfocítica crônica, passam a ativar esses elementos transponíveis quando sofrem mutações em genes como o ASXL1 e o EZH2.
Essas mutações comprometem a produção de proteínas importantes e fazem com que as células cresçam de forma descontrolada.
Ao analisar esse processo em modelos de ratos e em células humanas, os cientistas observaram que a reativação do DNA não codificante faz com que ele se replique e se espalhe pelo genoma das células doentes, criando um ambiente instável.
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Esse comportamento gera estresse nas células cancerígenas e as torna dependentes de um grupo de proteínas conhecidas como PARPs, que atuam no reparo de danos ao DNA.
Os pesquisadores notaram ainda que, ao bloquear essas proteínas com medicamentos chamados inibidores de PARP, as células cancerígenas morrem enquanto as saudáveis permanecem praticamente intactas.
“Essa descoberta oferece uma nova esperança para pacientes com cânceres difíceis de tratar, usando medicamentos existentes de uma maneira completamente nova”, explicou o pesquisador Chi Wai Eric So, em comunicado.
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O estudo também reforça a importância de regiões do DNA que antes eram consideradas irrelevantes. Pesquisas recentes mostram que esses trechos podem ter funções diversas, como regular o sistema imunológico, influenciar a resposta do cérebro ao medo e até proteger espécies de cruzamentos genéticos indesejados.
Os cientistas agora pretendem investigar se o mesmo mecanismo pode ocorrer em outros tipos de câncer.
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