Pesquisas vêm apontando uma associação entre o consumo frequente de carne vermelha e o desenvolvimento da doença inflamatória intestinal, que inclui condições como a colite ulcerativa e a doença de Crohn.
Um novo estudo publicado nessa terça-feira (19/8) na revista Molecular Nutrition and Food Research reforça essa ligação ao mostrar que dietas à base de carne vermelha agravam a inflamação intestinal em testes realizados com animais.
O trabalho foi conduzido por pesquisadores da Capital Medical University, na China, e avaliou o efeito de diferentes tipos de carne vermelha — porco, bovina e carneiro — na saúde intestinal de camundongos.
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Após duas semanas seguindo a dieta à base de carne vermelha, os ratinhos foram submetidos a um teste para desenvolver colite (inflamação do cólon). Os cientistas observaram que aqueles alimentados com esse tipo de carne apresentaram inflamação mais intensa do que os que receberam a dieta comum.
Alterações na microbiota intestinal
As análises mostraram que as dietas ricas em carne vermelha provocaram um desequilíbrio no conjunto de microrganismos que habitam o intestino. Houve redução de bactérias consideradas benéficas, como Streptococcus, Akkermansia, Faecalibacterium e Lactococcus, e aumento de outras associadas a processos inflamatórios, como Clostridium e Mucispirillum.
Além disso, o cólon dos animais alimentados com carne vermelha apresentou maior infiltração de células de defesa e produção elevada de moléculas pró-inflamatórias. Esses processos resultaram em danos ao tecido intestinal e intensificação da colite induzida.
Relação entre dieta e inflamação
Segundo os pesquisadores, os resultados ajudam a compreender como a alimentação pode influenciar a evolução da doença inflamatória intestinal.
“Nosso estudo aponta uma interação próxima entre dieta, microbiota e imunidade intestinal, o que pode orientar estratégias alimentares mais adequadas para pacientes”, afirmou Dan Tian, um dos autores do trabalho, em comunicado.
Embora os achados tenham sido feitos em camundongos, os cientistas ressaltam que eles se somam a evidências epidemiológicas já conhecidas em humanos. A recomendação é que reduzir o consumo de carne vermelha pode ajudar tanto na prevenção quanto no controle de doenças inflamatórias do intestino.
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