CPI: major diz que fala sobre invasão ao Congresso foi “brincadeira infeliz” com Fundo Constitucional

Flávio Silvestre de Alencar, major da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), prestou depoimento sobre ter enviado a seguinte mensagem em um grupo de PMs: “Na primeira manifestação, é só deixar invadir o Congresso”, durante os atos antidemocráticos contra o resultado das eleições de 2022, em Brasília.

O militar alegou que a mensagem foi uma “brincadeira infeliz” que gerou um “grande mal-entendido” e que se referia ao Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF).

As falas ocorreram na sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, na manhã desta quinta-feira (3/8), na Câmara Legislativa (CLDF). Flávio Silvestre ressaltou, também, que não teve intenção de atentar contra a democracia.

“O comentário era uma brincadeira. Tem um ‘kkk’ [risadas] embaixo [da mensagem]. O cerne era o Fundo Constitucional, que todos sabemos ser importantíssimo para o DF. Não só para a Segurança, mas para a Saúde e a Educação. O intuito daquela brincadeira era: ‘Poxa, sem o Fundo Constitucional, a polícia vai ser sucateada e vai acabar sendo invadido o Congresso’. [Foi] uma brincadeira infeliz. É um grande mal-entendido. Esse comentário nunca refletiu minhas ações na PM”, alegou o PM.

Acompanhe a sessão ao vivo:

O militar chegou a ser preso duas vezes pela Polícia Federal (PF), no âmbito das investigações sobre supostas omissões em 8 de janeiro de 2023. A primeira prisão ocorreu em 7 de fevereiro, após imagens mostrarem Flávio descer de um carro da PMDF e ordenar a retirada do Batalhão de Choque da lateral do Congresso Nacional. A decisão permitiu o acesso dos extremistas que participavam dos atos antidemocráticos ao prédio do Supremo Tribunal Federal (STF).

Assista:

Flávio foi preso novamente em 23 de maio último, na 12ª fase da Operação Lesa Pátria. Ele também comentou à CPI sobre a acusação de ter recuado a tropa.

“Acredito que os motivos da minha prisão são mal-entendidos. Foi construída uma narrativa inverídica sobre a retirada das viaturas. Antes disso, eu estava ao lado do Palácio do Planalto, combatendo manifestantes, vândalos, e vi dois policiais gravemente feridos. Em determinado momento, informaram-me que acabavam as munições de baixa letalidade. Eu falei: ‘Vou do outro lado ver se consigo mais munições’. […] O aceno não era para tirar as viaturas, era para resgatar o comandante-geral”, justificou o major.

O depoimento vai de encontro à oitiva dele na PF. À época, o militar também justificou o recuo com a informação de que pretendia resgatar o então comandante-geral da corporação, coronel Fábio Augusto Vieira, e outros policiais feridos. Em imagens de 8 de janeiro de 2023, o oficial aparece com um sangramento no rosto.

Em outro momento do depoimento à CPI, Flávio disse que havia sido escalado verbalmente, no dia anterior, por volta das 17h. “A missão passada para mim era fazer a distribuição do policiamento na Esplanada [em 8 de janeiro]. Não recebi ordem de serviço, não sabia o efetivo que receberia. Não foi me passada qualquer escala de serviço.”

Calendário

Entre os nomes aprovados e com data marcada para oitiva em agosto, na CPI da CLDF, estão Anderson Torres, Mauro Cid e militares da polícia do Distrito Federal. Há cinco depoimentos previstos para este mês, sempre às quintas-feiras.

Entre os destaques estão as oitivas do ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) e ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres; do ajudante de ordens do ex-presidente, Mauro Cid; e do coronel da PMDF Reginaldo de Souza Leitão. Todas as sessões começam às 10h e podem ser acompanhadas pelo YouTube da CLDF.

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Confira o calendário:

3 de agosto: Flávio Silvestre de Alencar, major da Polícia Militar do Distrito Federal;
10 de agosto: Anderson Gustavo Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal;
17 de agosto: Leonardo de Castro Cardoso, diretor do Departamento de Combate à Corrupção (Decor) e ao Crime Organizado da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF);
31 de agosto: Reginaldo de Souza Leitão, coronel da Polícia Militar do Distrito Federal.

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