Delegado é afastado por suspeita de interferência em investigações de homicídio e corrupção em Alagoas
A Justiça determinou, na última sexta-feira (6), o afastamento do delegado Daniel José Galvão Mayer de seu cargo público por 90 dias, período que pode ser prorrogado. A decisão ocorre em meio a uma série de suspeitas sobre sua conduta, incluindo acusações de interferência na investigação do assassinato do empresário Kléber Malaquias, morto em 2020, em Rio Largo (AL), e de irregularidades no inquérito envolvendo a advogada Adriana Mangabeira Wanderley.
Segundo o Ministério Público de Alagoas (MPAL), Mayer teria forjado provas para incriminar um policial militar já falecido, buscando manipular a narrativa do caso. Além disso, ele foi acusado de inserir evidências falsas no inquérito para influenciar jurados, juízes e a sociedade.
O nome de Mayer também ganhou notoriedade por sua atuação no inquérito sobre os crimes contra a advogada Adriana Mangabeira Wanderley, que sofreu uma invasão em sua residência e escritório. Embora as investigações tenham passado por diversas delegacias ao longo dos meses, foi sob a gestão de Mayer que o caso sofreu um revés significativo.
Ele concluiu o inquérito sem solicitar apoio da Polícia Federal, mesmo com o nome do desembargador Tutmés Airan citado nas investigações. Há suspeitas de que Mayer tenha deliberadamente desfeito provas que poderiam implicar o magistrado, sendo acusado de agir para proteger Tutmés e evitar que evidências comprometedoras fossem incluídas no processo.
O caso, que tramitava sob o Processo n. 0749421-78.2023.8.02.0001 na Justiça alagoana, está prestes a ser transferido para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), devido à gravidade das acusações e à necessidade de maior imparcialidade.
Daniel Mayer chegou a ser preso pela Polícia Federal em setembro deste ano, durante seu período como diretor da Polícia Judiciária da Região Metropolitana e coordenador da Delegacia de Repressão ao Narcotráfico. Ele foi solto em outubro, sob medidas cautelares impostas pela Justiça, como:
– Proibição de contato com pessoas ligadas aos casos sob investigação;
– Suspensão de suas funções na Polícia Civil, limitado a atividades administrativas;
– Obrigação de comparecer a todos os atos processuais.
O Ministério Público ajuizou ação por improbidade administrativa, afirmando que Mayer manipulou evidências para prejudicar as investigações. O órgão também pediu a aplicação de multa de até 24 vezes o valor de sua remuneração, além da proibição de exercer qualquer função pública ou contato com a Polícia Civil durante o afastamento.
As ações de Mayer, tanto no caso Kléber Malaquias quanto no de Adriana Mangabeira, colocam em evidência a necessidade de maior rigor e transparência nas investigações em Alagoas. O MP destacou que o delegado teria “alterado a verdade dos fatos relacionados aos crimes, influenciando de maneira inadequada o sistema de justiça e a opinião pública”.
Com o processo relacionado à advogada prestes a ser analisado no STJ, as investigações contra Mayer entram em uma nova fase, prometendo desdobramentos que podem atingir outras figuras influentes no estado.