Estudo: cérebro decide se a comida é saudável ou saborosa em segundos

Um estudo feito por cientistas da Universidade de Melbourne, na Austrália, mostrou que o cérebro humano identifica se uma comida é saudável, saborosa e calórica em uma fração de segundo.

A pesquisa, publicada na revista Appetite em 6 de outubro, indica que essas informações são processadas em paralelo, e não em sequência, como se acreditava antes.

Durante décadas, cientistas supunham que o sabor era a primeira informação registrada, seguida da avaliação sobre o valor nutricional. O novo estudo derruba essa ideia e mostra que o cérebro considera aspectos ligados à saúde quase tão rápido quanto os relacionados ao prazer.

Como o estudo foi feito

A equipe, liderada por Violet Chae, da Escola de Ciências Psicológicas de Melbourne, usou eletroencefalografia (EEG) para mapear a atividade cerebral de 110 voluntários. Os participantes usaram toucas com 64 eletrodos enquanto observavam imagens de alimentos por dois segundos. Em seguida, respondiam perguntas como “É saudável?”, “É saboroso?” ou “Você comeria?”.

Outra amostra, com 421 pessoas, avaliou as mesmas imagens em 12 atributos diferentes, que iam do valor nutricional e teor calórico à familiaridade e à emoção gerada por cada alimento. Entre as opções exibidas estavam frutas, vegetais, salgadinhos e alimentos ultraprocessados, escolhidos para provocar diferentes reações cerebrais.

Leia também

Os cientistas então cruzaram os padrões de atividade elétrica do cérebro com as respostas dos participantes. Quando as ondas cerebrais coincidiam com um atributo — como sabor ou saúde —, isso indicava que o cérebro estava processando ativamente aquele tipo de informação.

Saudável ou saboroso?

As análises mostraram que informações sobre saúde e valor calórico surgem cerca de 195 milissegundos após a imagem aparecer, enquanto o sabor é identificado em torno de 215 milissegundos. Em termos práticos, significa que o cérebro avalia a “qualidade” do alimento quase instantaneamente, antes mesmo que a pessoa tenha tempo de refletir sobre ele.

Outros atributos, como familiaridade e reação emocional, também aparecem nesse intervalo inicial. Já o desejo de comer e a avaliação detalhada do sabor ocorrem um pouco depois, entre 600 e 700 milissegundos, quando o cérebro começa a integrar todas as informações para tomar uma decisão.

O que as descobertas significam

Os resultados indicam que o cérebro é mais eficiente do que se pensava na hora de avaliar alimentos. Ele não precisa priorizar o sabor e deixar a saúde em segundo plano: ambas informações surgem quase simultaneamente, o que permite decisões rápidas e baseadas em múltiplos fatores.

De acordo com os pesquisadores, os dados mostram que não é a falta de consciência sobre saúde que nos leva a fazer escolhas ruins, e sim o peso que damos a cada informação. O cérebro capta os sinais de saúde e sabor ao mesmo tempo, mas a decisão final depende de qual deles ganha mais importância no momento da escolha.

Apesar de o estudo ter sido feito com imagens em vez de alimentos reais, e a maioria dos participantes ser do mesmo grupo universitário, as conclusões, segundo os autores, ajudam a entender melhor o processo inconsciente que guia nossas decisões à mesa.

Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!

Sair da versão mobile