Pesquisadores do Reino Unido analisaram como os compostos da cannabis podem influenciar o envelhecimento saudável.
A revisão, publicada em 29 de julho no Journal of Cannabis Research, reuniu 18 estudos realizados entre 2008 e 2023 envolvendo modelos animais e humanos e apontou que os compostos da planta podem ter efeitos promissores, embora ainda seja cedo para afirmar benefícios claros para a saúde.
“Ao sintetizar descobertas de modelos pré-clínicos, estudos clínicos e evidências do mundo real, pretendemos elucidar o potencial dos canabinoides em promover o envelhecimento saudável, mitigar o declínio relacionado à idade e promover o bem-estar em populações mais velhas”, escreveram os pesquisadores no artigo.
Resultados promissores, mas ainda limitados
O foco do estudo foram os dois principais compostos da cannabis, o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC). Em animais, as substâncias foram associadas a maior expectativa de vida, melhora no aprendizado e redução de inflamações.
Já em humanos, os resultados foram variados. Alguns trabalhos sugeriram proteção contra o declínio cognitivo, enquanto outros apontaram prejuízos na memória.
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No geral, a revisão considera as estatísticas “promissoras” no que diz respeito à redução da inflamação e à proteção do cérebro. Ainda assim, os autores destacam que os achados não devem ser superestimados, já que as pesquisas com pessoas foram realizadas em grupos pequenos e por períodos curtos.
O papel do estilo de vida
Os cientistas também ressaltam que a saúde na velhice depende de múltiplos fatores. “Embora esses compostos sejam promissores no enfrentamento de desafios específicos relacionados à idade, manter um estilo de vida saudável por meio de uma dieta balanceada, exercícios regulares, boa higiene do sono e gerenciamento do estresse continua sendo crucial”, escreveram.
Com o envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida, cresce também a busca por formas de garantir não só mais anos, mas também qualidade de vida. Os pesquisadores apontam que a cannabis pode ser uma dessas ferramentas, desde que acompanhada por mudanças de hábitos e por estudos mais consistentes.
“Com o envelhecimento emergindo como um desafio global ligado a doenças crônicas, identificar intervenções que promovam uma vida saudável e uma expectativa de vida saudável tornou-se imperativo”, conclui o artigo.
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