O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou uma decisão nesta terça-feira que reverberou em Brasília: ele escolheu seguir a indicação do Grupo Prerrogativas, formado por advogados progressistas, e nomeou Antonio Fabrício de Matos Gonçalves para uma vaga de ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Essa escolha, no entanto, pode não ter agradado o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que defendia a seleção do advogado Adriano Costa Avelino para o cargo.
O embate em torno dessa nomeação ganhou destaque nas últimas semanas, quando membros do Prerrogativas trouxeram à atenção de ministros do governo e do próprio Lula publicações antigas nas redes sociais de Avelino. Essas postagens incluíam ataques diretos ao atual presidente, à ex-presidente Dilma Rousseff, e manifestações de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Em uma das postagens, datada de março de 2016, o candidato à vaga no TST sugeriu a guilhotina como punição para Lula, Dilma e seus apoiadores, afirmando que “a punição para Dilma e Lula e seus apoiadores é a guilhotina. Mas antes tem que cortar a língua para pararem de latir”. Essa declaração veio um dia após o então juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava-Jato, divulgar gravações telefônicas em que Lula discutia sua possível nomeação para o ministério de Dilma. Posteriormente, essa publicação foi removida do perfil de Avelino no X, antigo Twitter.
A decisão de Lula de optar por Gonçalves em vez de Avelino pode ter implicações políticas significativas, especialmente no que diz respeito à relação entre o Executivo e o Legislativo. A escolha de um ministro para o TST tem implicações diretas na condução de processos eleitorais e, portanto, é vista como estratégica por ambas as partes.
Com essa decisão, Lula não apenas responde às pressões do Grupo Prerrogativas, mas também estabelece um precedente sobre a postura esperada dos indicados para cargos-chave no governo. A reação de Arthur Lira e de outros setores políticos será fundamental para entender o impacto completo dessa escolha no cenário político brasileiro.