Morre médico que atendeu sargento morto por ariranhas no Zoo do DF

Morreu, aos 95 anos, nessa quarta-feira (22/10), Alfredo Granemann de Moraes, médico responsável pelo atendimento do sargento Sílvio Hollenbach, atacado por ariranhas ao entrar na jaula dos animais, no Zoológico de Brasília, no ano de 1977, para salvar uma criança. O caso é um dos mais emblemáticos da cidade e ganhou tanta repercussão que o Zoo passou a ser chamado oficialmente de Sílvio Hollenbach.

Alfredo Granemman, nascido no município paranaense de União da Vitória, formou-se em medicina na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e era coronel do Exército Brasileiro. Na carreira, trabalhou em Santa Catarina, Rio de Janeiro e, depois, Brasília, onde prestou serviço no Hospital das Forças Armadas (HFA) e no Hospital de Base (HBDF).

Em entrevista cedida ao Metrópoles, seus cinco filhos, Celina, Cibele, Evelise, Liciane e Luciano Quadrado de Moraes, de respectivamente 57, 62, 60, 64 e 51 anos, todos servidores públicos, compartilharam um pouco da trajetória do pai.

Os filhos contam que Alfredo tinha a profissão como sacerdócio. Aposentado compulsoriamente aos 70 anos, o médico foi chefe de emergência no HBDF e no HFA, e mesmo após ser afastado do hospital militar, continuou vinculado ao Ministério da Saúde e fazendo atendimentos em Planaltina. “Ele era muito correto. Compartilhava com muito orgulho as histórias de honestidade”, compartilhou Evelise.

Granemman era avô de 8 netos e bisavô de 4. “Pai, avô, bisavô, marido e médico maravilhoso”, relatou Celina. Com sua parceira e mãe dos filhos, Alfredo teve 68 anos de relacionamento e 63 de casado.

À época do acidente com o sargento Sílvio Hollenbach, o médico era chefe do serviço de emergência do HFA e, ao registrar a ocorrência no livro do plantão, destacou em poucas palavras que “gostaria de deixar registrado a admiração que nos causou o gesto do paciente”.

O velório de Alfredo ocorrerá nesta sexta-feira (24/10), das 13h às 15h, no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. Logo após o velório, às 16h30, o corpo seguirá para cremação.

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O paranaense trabalhou como médico em seu estado natal, no Rio de Janeiro e em Brasília

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Alfredo foi casado por 63 anos, com a mãe dos cinco filhos

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A família – Alfredo, esposa e os cinco filhos – mudaram-se para Brasília em 1974

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Os filhos do médico relatam que sempre foi muito estudioso, e que sempre incentivou os filhos ao mesmo caminho

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Alfredo participou da reformulação da emergência do Hospital das Forças Armadas (HFA)

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O médico era clínico geral e especialização em administração hospitalar

Arquivo Pessoal

Sobre o caso das ariranhas

Em 27 de agosto de 1977, Adilson Florência da Costa, à epoca com 13 anos, tropeçou e caiu no fosso das ariranhas, no Zoológico de Brasília, que hoje leva o nome do sargento do Exército que pulou na jaula e salvou a criança, Sílvio Delmar Hollembach. Além do nome do zoológico, o ato heróico de Hollembach rendeu diversas homenagens, como o nome de uma escola estadual em sua cidade natal e o auditório do HFA.

O 2º sargento conseguiu salvar Adilson, mas por causa de uma infecção generalizada decorrente das mais de 100 mordidas dos animais, faleceu três dias após o resgate, aos seus 33 anos, em 30 de agosto de 1977.

Segundo informações do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), o militar passeava no zoológico com a esposa e os quatro filhos do casal, para comemorar a conclusão no curso de agronomia, da Universidade de brasília (UnB). Após a repercussão do falecimento, o então presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, chegou a enviar um telegrama de condolências para a família de Hollembach.

Apesar de, após o acidente terem recebido um título de agressividade, ariranhas raramente atacam humanos. Os animais se alimentam principalmente de peixes, aves e ovos, e vivem principamente no Rio Amazonas e no Pantanal. Conhecidas por serem territoriais, lista-se como um dos motivos do ataque que uma das fêmeas estava com filhotes na jaula.

 

 

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