Um estudo publicado em abril na revista Nature of Obesity aponta que o tamanho do pescoço pode revelar mais sobre a saúde do que se imagina. Segundo os cientistas, quanto maior o diâmetro da região, maiores as chances de resistência à insulina, aumento de gordura corporal e alterações hormonais associadas à síndrome dos ovários policísticos (SOP).
A investigação reuniu e comparou resultados de 15 estudos anteriores envolvendo mais de mil participantes. As análises mostraram que mulheres com SOP apresentavam, em média, pescoço mais largo do que aquelas sem o distúrbio.
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A diferença, embora aparentemente pequena, reflete um padrão consistente de acúmulo de gordura na parte superior do corpo — um tipo de tecido adiposo ligado a um maior risco de desenvolver doenças metabólicas, como diabetes tipo 2 e dislipidemias.
Os cientistas destacam que medir a circunferência do pescoço é um método simples, barato e não invasivo, capaz de complementar outras medidas corporais já conhecidas, como o índice de massa corporal (IMC) e a circunferência da cintura.
“O pescoço reflete a distribuição de gordura central, que pode estar mais relacionada a alterações hormonais e resistência à insulina do que a gordura periférica”, explicam os autores no artigo.
De acordo com o estudo, o aumento da gordura cervical influencia diretamente a secreção de hormônios e proteínas envolvidas no metabolismo da glicose e dos lipídios. Essas substâncias afetam a sensibilidade à insulina e a forma como o corpo armazena energia, o que ajuda a explicar a correlação entre pescoço largo e síndrome metabólica.
As descobertas indicam que a circunferência cervical pode ser mais do que um dado estético: trata-se de um potencial indicador de saúde metabólica e cardiovascular. Embora ainda não exista um valor de referência universal para diferentes populações, estudos sugerem que medições acima de 37 centímetros em homens e 34 centímetros em mulheres merecem atenção médica.
Por enquanto, especialistas ressaltam que a circunferência do pescoço deve ser usada como ferramenta complementar, e não isolada, na avaliação de risco.
Ela ajuda a compreender o comportamento da gordura corporal e pode orientar intervenções precoces. A mensagem principal é que pequenas medidas — literalmente — podem revelar grandes pistas sobre o funcionamento interno do organismo.
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