Planta brasileira mostra potencial contra inflamação e dor da artrite

Pesquisadores brasileiros identificaram evidências de que a planta Alternanthera littoralis, espécie nativa do litoral do Brasil, pode ajudar a reduzir inflamação, aliviar a dor e proteger as articulações em quadros de artrite. O trabalho reúne cientistas da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Conhecida popularmente como periquito-da-praia, a planta cresce espontaneamente em áreas costeiras e há décadas é utilizada na medicina popular para tratar inflamações, infecções e doenças parasitárias. Apesar do uso frequente, até agora poucas pesquisas comprovavam, de forma sistemática, se esses efeitos eram reais e se o consumo era seguro.

Análise química e testes em modelos experimentais

O estudo, publicado no Journal of Ethnopharmacology em 7 de outubro, começou com uma análise detalhada da composição química da planta.

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Os cientistas avaliaram o extrato etanólico obtido das partes aéreas da A. littoralis para identificar quais substâncias bioativas estavam presentes. A etapa foi conduzida por Marcos Salvador, farmacêutico do Instituto de Biologia da Unicamp.

Com os compostos identificados, o trabalho avançou para os testes biológicos. A eficácia do extrato foi avaliada em modelos experimentais de artrite por uma equipe liderada pela farmacologista Cândida Kassuya, da Faculdade de Ciências da Saúde da UFGD. Na sequência, foram realizados testes toxicológicos para investigar possíveis efeitos adversos.

“Finalmente, realizamos as análises toxicológicas sob minha coordenação”, explica a professora associada Arielle Cristina Arena, do departamento de Biologia Estrutural e Funcional do Instituto de Biociências do Campus Botucatu da Unesp, em comunicado.

Redução da inflamação e proteção das articulações

Os resultados mostraram que o extrato da planta teve efeito significativo na redução da inflamação em animais de laboratório.

“Nos modelos experimentais, observamos redução do edema, melhora dos parâmetros articulares e modulação de mediadores inflamatórios, sugerindo ações antioxidantes e de proteção tecidual”, afirma Arielle.

Segundo os pesquisadores, os achados indicam que a ação da planta vai além do alívio do inchaço. Os dados sugerem um possível efeito protetor sobre o tecido articular, o que pode ser relevante em doenças inflamatórias crônicas, como a artrite, nas quais o desgaste das articulações é progressivo.

Além da eficácia nos testes experimentais, o estudo também trouxe sinais positivos em relação à segurança do extrato, ao menos nas doses avaliadas. Para os autores, os resultados reforçam a evidência científica do potencial medicinal da espécie e justificam a realização de estudos mais aprofundados.

Ainda assim, os cientistas fazem ressalvas importantes. O extrato não está pronto para uso em pessoas, já que são necessários estudos toxicológicos adicionais, ensaios clínicos em humanos e a padronização dos métodos de preparo. Também será preciso passar por avaliação regulatória antes de qualquer aplicação terapêutica.

Segundo os autores, investigações desse tipo ajudam a distinguir, com base científica, quais plantas de uso popular realmente apresentam efeitos terapêuticos e podem, no futuro, subsidiar novas abordagens para o tratamento de doenças inflamatórias.

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