Criado na década de 1930 como uma alternativa mais discreta ao absorvente externo, o absorvente interno faz parte da rotina de muitas mulheres. No entanto, apesar da praticidade, o produto exige atenção.
O uso prolongado, por mais tempo do que o indicado, pode trazer consequências sérias para a saúde, mesmo que o item pareça confortável ou limpo.
A ginecologista Helga Marquesini, do hospital Sírio-Libanês, alerta que o tempo máximo de permanência é de oito horas. “Mais do que isso pode aumentar o risco de crescimento bacteriano”, explica.
É essa proliferação de bactérias que pode desencadear quadros graves, como a síndrome do choque tóxico. Embora rara, a condição já foi associada ao uso prolongado de absorventes internos, coletores menstruais e diafragmas.
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“Quanto mais passar o tempo excedente de uso, maior se torna a chance de proliferação bacteriana com produção de toxinas e sua migração para a corrente sanguínea”, afirma Helga. A recomendação padrão é trocar o absorvente a cada quatro horas, ou antes disso, caso o fluxo menstrual seja intenso.
A ginecologista Silvana Chedid, especialista em reprodução humana do Sírio-Libanês, explica que o uso noturno do absorvente interno é seguro, desde que o fluxo da mulher esteja dentro dos limites absorvíveis pelo modelo escolhido.
A médica reforça que não é necessário acordar de madrugada para trocar o item. No entanto, quem menstrua com grande volume de sangue pode ter que fazer a troca para evitar possíveis vazamentos.
O tamanho do absorvente deve ser compatível com o volume do fluxo. Usar um modelo menor do que o necessário pode causar escapes e dificultar o controle sobre a quantidade de sangue perdido, o que pode esconder um quadro de anemia por deficiência de ferro.
Sobre os diferentes modelos disponíveis no mercado, Silvana esclarece que todos seguem uma mesma padronização e são considerados seguros. “A irritação só é causada caso a mulher já esteja com algum tipo de inflamação ou infecção vaginal”, explica a especialista.
Complicações pelo uso prolongado do absorvente interno
Ainda que os sintomas sejam raros, as mulheres devem ficar atentos a eles antes que o problema se torne ainda mais grave. Elas podem apresentar:
- Febre;
- Queda de pressão arterial;
- Náuseas e vômitos;
- Dor abdominal ou muscular;
- Vermelhidão na pele;
- Desmaios;
- Confusão mental;
- Diarreia.
Erro ao inserir o absorvente
Outro ponto de atenção é o desconforto ao inserir o produto. Em alguns casos, isso pode estar relacionado a questões musculares. “Pode haver falta de relaxamento do assoalho pélvico, muitas vezes também associada à dor da atividade sexual”, explica Helga.
O incômodo também pode ser resultado de um erro simples, como alerta Silvana. “Algumas pacientes não introduzem o absorvente até o fundo da vagina e, com isso, sentem incômodo”. Segundo a médica, ao ser posicionado corretamente, o absorvente não deve ser sentido por quem está utilizando.
Embora seja uma dúvida recorrente nos consultórios, Silvana esclarece que não há relação direta entre o uso de absorvente interno e a candidíase, uma infecção causada pelo fungo Candida albicans, desde que a troca seja feita com a frequência indicada.
“Se os absorventes internos forem trocados com frequência, a cada duas, três, no máximo quatro horas, não vão predispor a nenhum tipo de infecção, principalmente candidíase”, diz a ginecologista.
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