Um apartamento localizado em um condomínio de luxo em Águas Claras, no Distrito Federal, foi identificado como centro estratégico de uma organização criminosa que movimentou mais de R$ 2,2 bilhões em dois anos com o tráfico internacional de drogas. Apelidado de “QG do Tráfico” pela Polícia Federal (PF), o imóvel era usado para reuniões, armazenamento de entorpecentes e logística operacional do grupo.
Deflagrada em dezembro de 2024, a Operação Siderado revelou que líderes da organização, como Ailton José da Silva, o “Calcinha”, e seus comparsas Fausto Henrique Ferreira da Silva e Albert Fabiano Dantas da Costa, frequentavam o apartamento com regularidade. A movimentação constante de criminosos no local foi um dos indícios que levou à descoberta do papel estratégico do imóvel no esquema.
As investigações da PF apontaram que o grupo usava identidades falsas para dificultar o rastreamento. Albert Fabiano, por exemplo, se identificava na portaria do prédio como “José Lucas Lima da Silva”, enquanto outro integrante, Rodolfo Borges Barbosa de Souza, usava o nome “Silas Soares Rodrigues”.
Além disso, a quadrilha utilizava empresas de fachada, como a “Dois Anjos Transportes e Mudanças”, para disfarçar o transporte de grandes carregamentos de skunk para outros estados e países da Europa. Parte dos lucros era enviada para a Colômbia, onde a organização mantinha conexões para a compra de novos lotes de drogas.
Para movimentar os bilhões gerados pelo tráfico, o grupo operava com empresas laranjas e contas bancárias falsas, dificultando o rastreamento financeiro. A Operação Siderado resultou no bloqueio de 38 contas bancárias e na suspensão das atividades de sete empresas vinculadas à organização criminosa.
No total, foram cumpridos 19 mandados de prisão e 13 de busca e apreensão em Goiás, Minas Gerais, Amazonas, Bahia e no Distrito Federal. Um dos líderes do grupo foi incluído na lista de Difusão Vermelha da Interpol, ampliando o alcance das investigações internacionais.
A quadrilha não se limitava ao tráfico de drogas. De acordo com a PF, o grupo também estava envolvido no comércio ilegal de armas e em ações violentas para eliminar rivais.
Com as investigações ainda em andamento, a Polícia Federal busca identificar outros integrantes da rede criminosa e rastrear o destino de recursos desviados. A Operação Siderado, segundo autoridades, é um marco no combate ao crime organizado, revelando a sofisticação e a complexidade das atividades ilícitas no Brasil e no exterior.
A desarticulação do “QG do Tráfico” reforça a necessidade de cooperação entre órgãos nacionais e internacionais para enfrentar o tráfico de drogas e suas ramificações financeiras e violentas.