A brutalidade de uma das cenas mais chocantes da história recente da violência no Rio de Janeiro veio à tona nessa quarta-feira (29/10). O corpo decapitado de Yago Ravel Rodrigues, de 19 anos, apontado como integrante do Comando Vermelho (CV), foi encontrado em uma área de mata que cerca o Complexo do Alemão, na Zona Norte da capital.
A cabeça do soldado do CV foi amarrada ao tronco de uma árvore, enquanto o corpo, vestido com fardamento militar camuflado, jazia próximo ao local.
Yago, que acumulava mais de 2,2 mil seguidores no Instagram, costumava ostentar nas redes sociais motos de luxo, como BMWs, além de fuzis e cigarros de maconha.
O jovem, segundo fontes policiais ouvidas pela coluna, fazia parte de um grupo armado que atuava na linha de frente da defesa do tráfico na região.
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Fotos e vídeos que circulam nas redes sociais mostram dezenas de corpos enfileirados no chão, resultado dos intensos confrontos entre traficantes e forças de segurança nas matas do Alemão.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, 117 suspeitos foram mortos e 83 presos durante a ação conjunta entre as polícias do Rio de Janeiro e do Pará, considerada a operação mais letal da história fluminense.
Veja imagens de Yago Ravel:
Prisões de líderes
As imagens obtidas pela coluna revelam corpos com fardas táticas e camufladas, algumas semelhantes às usadas por forças especiais de combate.
Alguns dos mortos ainda portavam fuzis. Um dos vídeos mostra moradores retirando a cabeça de Yago e colocando-a dentro de uma sacola plástica. Uma das testemunhas, em tom de espanto, chega a comentar: “Estragaram os amigos”.
Durante a megaoperação, batizada de Operação Contenção, foram presos Rodrigo de Jesus Coelho (“RD”) e Joelison de Jesus Barbosa (“Fuzue”), apontados como principais líderes do CV no Pará. Ambos são investigados por tráfico de drogas e homicídios na região do Lago de Tucuruí.
Após os confrontos, traficantes orquestraram represálias em vários pontos do Rio. Barricadas foram erguidas em vias como a Linha Amarela, Grajaú-Jacarepaguá e Rua Dias da Cruz (Méier), obrigando a Polícia Militar a suspender atividades administrativas e deslocar todo o efetivo às ruas.
Veja mais imagens do soldado do CV:
Reprodução/Redes sociais2 de 3
Reprodução/Redes sociais3 de 3
Reprodução/Redes sociais
Cenário de guerra
A operação, que contou com 2,5 mil agentes, começou ainda na madrugada. Relatos de moradores e vídeos divulgados nas redes sociais mostram intensos tiroteios, colunas de fumaça e barricadas em chamas. Em apenas um minuto, foi possível ouvir quase 200 disparos.
De acordo com a Polícia Civil, criminosos chegaram a lançar bombas por drones, e diversos suspeitos fugiram em fila indiana pela parte alta do morro — uma cena que remete à fuga em massa de 2010, durante a ocupação do Alemão.
