Indignados com a atual gestão financeira e espiritual de Raul Oscar Zelaya Chaves, presidente da Obras Sociais da Ordem Espiritualista Cristã (Osoec), que controla o templo do Vale do Amanhecer, em Planaltina, seis membros da comunidade foram expulsos do espaço. Os atos ocorreram na última sexta-feira (16/2), após a administração do local ser criticada continuamente por ter um caráter considerado opressivo.
“Aquela pessoa que diverge, ela é perseguida, sofre as consequências. Um grupo de membros se reuniu e se votou contra a tudo isso aí. Nós fizemos, então, uma eleição totalmente democrática para quebrar a regra do estatuto social que diz que o cargo dele [Raul Zelaya] é vitalício”, comenta Edvaldo Oliveira, advogado voluntário do Vale do Amanhecer.
Segundo o homem, nos últimos dias, o líder não permitiu que indivíduos da comunidade realizassem vigílias espirituais e chegou a fechar os templos do local. Edvaldo explica que, por fim, ele decidiu expulsar os membros sem justificativa.
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Vale do Amanhecer Hugo Barreto/Metrópoles
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Frequentadores também acusam Raul de alterar princípios de Tia Neiva, fundadora da doutrina e mãe dele Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Rafaella Felicciano/Metrópoles
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Raul teria punido aqueles que seguiram os passos do irmão mais velho dele, Gilberto Zelaya Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Hoje, a doutrina tem templos em todo o Brasil e no exterior, em países como Estados Unidos e Portugal Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Segundo eles, a decisão ocorreu de forma deliberada por parte do presidente da Osoec, Raul Zelaya Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Em 2009, Beto, como era conhecido, foi destronado pelo caçula e passou a coordenar templos externos Rafaela Felicciano/Metrópoles
Quem ainda participa de trabalhos evita comentar questões relacionadas ao presidente Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Pirâmide recebe diariamente centenas de fiéis Hugo Barreto/Metrópoles
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“A pessoa não pode frequentar, nem participar dos rituais e nem usar as roupas. A pessoa pode, por exemplo, adentrar o templo, mas como um paciente”, diz Oliveira. Assim, a pessoa deixaria de ser um membro oficial da comunidade Vale do Amanhecer. Com a situação, os expulsos entraram na Justiça.
Joelson Neves Miranda, de 41 anos, está inserido na religião desde que nasceu e até hoje mora próximo do templo em Planaltina. Ele foi uma das pessoas expulsas neste mês.
“Quero deixar claro que o mestre Raul é um irmão, é um irmão em Cristo, é um irmão de doutrina e, pessoalmente, eu desejo a ele toda a felicidade do mundo, mas ele, enquanto gestor, deve satisfação ao corpo mediúnico e é isso que nós o cobramos”, comenta.
A maior parte das críticas, segundo Joelson, é porque o líder espiritual está alterando quase todos os rituais que foram deixados por Tia Neiva – fundadora da doutrina em 1969 – onde trabalhos espirituais poderiam ser conduzidos por médiuns mais experientes. Além disso, o membro aponta que a questão principal são as movimentações financeiras de valores que seriam atribuídos ao Vale do Amanhecer.
O Metrópoles tenta contato com a administração da Vale do Amanhecer. Não houve respostas até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto para manifestações.
Tia Neiva e a doutrina
Nascida em 1925, Tia Neiva fundou a União Espiritualista Seta Branca (UESB), em Goiás, com 34 anos de idade. Atualmente, a doutrina conta com templos espalhados pelo Brasil e por outros cantos do mundo, inclusive, nos Estados Unidos.
São mais de 800 mil seguidores da doutrina que adota crenças de diversas religiões e civilizações, e tem templos conhecidos por enormes simbolismos. No Templo Mãe, por exemplo, há uma pirâmide suntuosa à beira de um enorme lago cercado por orixás.