Vacina de tétano, esquecida por muitos, exige reforço a cada 10 anos

A proteção contra o tétano precisa ser reforçada a cada 10 anos, mas muita gente esquece de manter a vacinação em dia. A negligência é comum entre adultos e pode representar um risco, especialmente em situações cotidianas como cortes, ferimentos com objetos enferrujados ou acidentes domésticos.

“Os pacientes dificilmente nos procuram para a vacinação contra o tétano isoladamente, a menos que tenham se acidentado”, relata Cecilia Bueno, enfermeira do posto de saúde do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), em São Paulo.

A bactéria Clostridium tetani, causadora do tétano, pode infectar o organismo por meio de feridas abertas, principalmente quando há contato com solo, poeira, fezes de animais ou objetos contaminados.

A infecção compromete o sistema nervoso e provoca sintomas graves, como rigidez muscular, espasmos dolorosos, dificuldades respiratórias e o famoso “travamento” da mandíbula.

Tétano

Reforço e riscos em acidentes

A vacinação contra o tétano começa na infância, mas não termina ali. Segundo a infectologista Luciana Medeiros, do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, o esquema inicial envolve três doses aplicadas aos 2, 4 e 6 meses de vida, seguidas de dois reforços, um sendo aos 15 meses e outro aos 4 anos.

Depois disso, a recomendação é seguir com reforços regulares a partir dos 9 anos de idade, sempre a cada 10 anos.

“Trata-se de uma doença muito grave, com elevado risco de morbimortalidade, unicamente prevenível por meio da vacinação”, destaca a médica.

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A infectologista Renata Zorzet Manganaro de Oliveira, do Hospital Beneficência Portuguesa de São José do Rio Preto, reforça que o tétano não gera imunidade natural, ou seja, mesmo quem já teve a doença ou foi vacinado na infância precisa se proteger com as doses periódicas.

“O C. tetani vive no solo, poeira, fezes de animais e superfícies contaminadas, portanto está em todo lugar, com alta chance de infectividade”, afirma.

O que fazer em caso de acidente?

Em situações de acidentes com risco de contaminação, como ferimentos com objetos sujos ou enferrujados, mordidas, queimaduras graves ou cortes com exposição à terra e fezes, o ideal é procurar atendimento médico o quanto antes.

Se o último reforço tiver mais de cinco anos, pode ser necessário aplicar uma dose adicional. “A vacina deve ser feita imediatamente nesses casos”, orienta Renata.

Mas o que fazer quando a pessoa não lembra se está vacinada? Nesse caso, o indicado é considerar que não está protegida. O esquema deve ser reiniciado ou completado com três doses da vacina dupla adulto (dT), aplicadas com intervalo de 0, 2 e 6 meses. A partir daí, retomam-se os reforços periódicos.

Além da vacina, o uso de equipamentos de proteção individual, como luvas e botas ao lidar com locais possivelmente contaminados, ajuda a prevenir a infecção. Também é essencial cuidar da higiene adequada de ferimentos, mesmo quando parecem pequenos ou inofensivos.

Os primeiros sintomas do tétano costumam surgir entre três e 21 dias após a infecção, sendo a rigidez muscular o mais comum, especialmente na mandíbula e no pescoço. Dor, espasmos, febre, irritabilidade e dificuldade para engolir também podem aparecer.

Embora pouco lembrado, o tétano ainda pode matar. Por isso, manter a vacinação em dia é uma medida simples, eficaz e fundamental para adultos de todas as idades.

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