As mulheres que foram vítimas do pai de santo Renato Hudson Silva Alves (foto em destaque) iam até ele em busca de ajuda para superar problemas graves, como depressão, violência doméstica e até doenças físicas. Mas, em vez de paz e apoio, foram violadas de diversas formas por Hudson.
O pai de santo foi preso preventivamente pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
Segundo as investigações, o suspeito aproveitava a vulnerabilidade de mulheres para ameaçá-las e violá-las com promessas de proteção e cura espiritual. O religioso justificava os estupros como forma de “purificar” mulheres que frequentavam o terreiro.
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O líder do terreiro obrigava as vítimas a fazerem sexo oral nele sob o argumento de que iria “limpar a língua” das frequentadoras. Em um dos casos, o pai de santo proibia que a vítima mantivesse qualquer tipo de relacionamento amoroso com a alegação de que um namoro poderia “prejudicá-la”.
Entenda o caso:
- O pai de santo foi preso preventivamente pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher I (Deam I) em 8 de agosto.
- O líder religioso comandava o espaço em que o mais velho — o pai de santo — era ao mesmo tempo conselheiro, juiz e porta-voz dos orixás. Essa autoridade foi a principal ferramenta para construir um padrão de abusos.
- Ao longo de dois anos, uma das mulheres foi estuprada, manipulada e mutilada com navalhas durante “rituais” que simulavam “cura espiritual” para transtorno bipolar.
- Todos os casos ocorreram entre maio de 2024 e junho deste ano, tendo sempre como pano de fundo a exploração da fé.
- Investigações conduzidas no âmbito da Operação Sórdida Oblatio identificaram a constante mudança de endereço do terreiro em que o líder realizava suas atividades.
- De acordo com a polícia, essa estratégia visava dificultar a atuação das autoridades e a localização de possíveis vítimas, o que motivou o pedido de prisão preventiva.
- A operação recebeu o nome Sórdida Oblatio – expressão em latim que remete a uma “oferta impura” – em uma alusão direta à deturpação da fé e da espiritualidade como instrumentos de exploração e violência.
O agressor chegava a defender que as relações sexuais mantidas dentro do terreiro — com mulheres que buscavam equilíbrio espiritual e psicológico — serviam para que as vítimas “se organizassem mentalmente”.
Em seguida, diversas ameaças eram feitas às mulheres que passavam por depressão ou se encontravam instáveis emocionalmente. O pai de santo bradava que, se parassem os “tratamentos sexuais”, elas poderiam “enlouquecer”.
A reportagem não localizou a defesa de Renato Hudson Silva Alves. O espaço segue aberto.