O aspartame é um adoçante artificial presente na composição de produtos “diet”, “ligth” e “zero açúcar”, incluindo refrigerante e até gomas de mascar. O uso dele se popularizou pela promessa de reduzir as calorias, substituindo o açúcar e diminuindo o risco de obesidade e diabetes tipo 2. No entanto, um estudo realizado em ratos aponta que, mesmo em doses baixas, o composto pode afetar negativamente a saúde do coração e do cérebro.
Ao adicionarem pequenas porções de aspartame à dieta de camundongos machos, cientistas do Centro de Pesquisa Cooperativa em Biomateriais, na Espanha, chegaram aos resultados alarmantes. O estudo foi publicado em 12 de dezembro na revista científica Biomedicine & Pharmacotherapy.
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Os pesquisadores deram aos animais uma quantidade equivalente a um sexto da ingestão diária considerada segura para humanos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ou seja, mesmo em poucas porções, o aspartame prejudicou partes importantes para o funcionamento do organismo.
“O estudo demonstra que a exposição prolongada a adoçantes artificiais pode ter um impacto prejudicial no funcionamento dos órgãos, mesmo em doses baixas, sugerindo que as diretrizes de consumo atuais devem ser criticamente reexaminadas”, apontam os pesquisadores no artigo.
Adoçante afeta coração e cérebro
Durante o experimento, os camundongos receberam as doses a cada quinze dias. Em comparação ao grupo de referência que não teve o mesmo tratamento, os animais que consumiram o adoçante perderam em média de 10 a 20% de gordura corporal. Por outro lado, também foram identificados sinais de declínio cardíaco e cerebral.
Em relação à saúde cardiovascular, os ratos apresentaram menor eficiência no bombeamento do coração e pequenas mudanças estruturais e funcionais, indicando prejuízos no desempenho do órgão e estresse cardíaco.
A ingestão também afetou a absorção de glicose, um combustível importante para o funcionamento do cérebro. Inicialmente, houve um pico, mas aconteceu uma queda vertiginosa ao final do estudo.
Sem a energia necessária para o funcionamento cerebral, os ratos tiveram mais dificuldades em tarefas de memória e aprendizado, além de se mover mais lentamente e demorar mais para escapar de labirintos envolvidos no experimento. Os resultados sugerem um possível declínio cognitivo após o consumo de aspartame.
Em comparação a estudos anteriores, as alterações cognitivas foram consideradas leves, mas ainda assim os pesquisadores ressaltam a necessidade de uma reavaliação dos níveis seguros de aspartame a humanos, especialmente para crianças e adolescentes.
“Até que as sequelas neurológicas do aspartame sejam melhor compreendidas, crianças e adolescentes provavelmente devem evitar o aspartame ao máximo, especialmente como componente regular da dieta”, aconselham os cientistas.
Apesar de ainda não trazer uma resposta definitiva sobre a quantidade segura para o consumo do adoçante, a nova pesquisa reforça as evidências de que o aspartame não é um substituto tão saudável assim. “É aconselhável reavaliar os limites de segurança para humanos”, consideram os pesquisadores.
