Ativistas criticaram o silêncio do governo do Brasil após o ataque a drone contra um barco da flotilha humanitária rumo à Gaza. A embarcação foi incendiada na Tunísia, na noite dessa segunda-feira (8/9). O ativista brasiliense Thiago Ávila participa da missão da Global Sumud Flotilla (GSF) pró-Palestina. Não houve feridos.
A vereadora Mariana Conti (PSol-Campinas) também participa da missão e lamentou o silêncio do Itamaraty diante do atentado. “É lamentável, porque uma das coisas que nós estamos reivindicando é que os governos tomem ações de proteção à Global Sumud Flotilla, uma vez que é uma ação totalmente legal”, afirmou.
Segundo a política, a flotilha navega por águas internacionais levando ajuda humanitária. “Além de imoral, é um ataque ilegal”, assinalou. A autoria do ataque ainda é desconhecida, mas os ativistas suspeitam do governo israelense. “Israel não tem o direito de impedir a entrada de ajuda humanitária. Isso é um crime”, pontuou.
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Segundo Conti, a flotilha segue com a missão. Em 13 setembro, o movimento planeja uma marcha global por Gaza, com ações em todo mundo. Ao desembarcar, os ativistas planejam levar ajuda para a população e criar um corredor humanitário.
De acordo com Thiago Ávila, seis pessoas estavam a bordo da embarcação na hora do ataque. “Por um milagre ninguém morreu”, declarou. O ativista confirmou a continuidade da ação. “A missão deve continuar, temos que seguir em frente. Sabemos que é difícil, mas nada se compara ao sofrimento do povo da Palestina. A história não é sobre nós, é sobre o povo palestino”, afirmou o brasileiro.
Durante entrevista coletiva da Global Sumud Flotilla (GSF) realizada na manhã desta terça-feira (9/9), na Tunísia, o brasiliense agradeceu por todo suporte do governo da Tunísia e à toda população tunisiana. Ele também relembrou que essa não foi a primeira vez em que um barco é interceptado. “Essa foi a 38ª vez em que um barco com ativistas é interceptado e atacado”, disse.
O brasileiro não deu mais detalhes sobre como irão seguir com a missão, que também conta com a ativista sueca Greta Thunberg.
Veja:
Está é a segunda tentativa do ativista brasiliense participa de uma missão humanitária em Gaza. A primeira foi impedida por Israel.
Sem citar o nome do responsável pelo ataque de drone, o ativista afirmou: “Eles estão fazendo tudo isso porque querem nos calar”.
Mesmo com o ataque, Ávila destacou a importância de ajuda humanitária em Gaza. “Por favor, se ergam. Por favor, se mobilizem em todos os lugares. Nós precisamos colocar um fim no que está acontecendo aqui”, concluiu.
Thiago disse que o barco está atracado a 150 metros do porto em Túnis, na capital da Tunísia. Ele afirmou que as pessoas levaram cinco minutos para apagar o fogo no barco e que toda tripulação está bem.
Ataque de drone
Uma câmera de segurança na embarcação Family Boat registrou o momento em que o barco do Global Sumud Flotilla (GSF) foi atacado por um drone.
O barco tinha uma bandeira de Portugal e seis tripulantes a bordo no momento do ataque. Ninguém ficou ferido e o fogo foi controlado.
O vídeo abaixo mostra o barco atacado em alto mar. O narrador comenta: “Acabaram de explodir um dos nossos barcos aqui. Eu estava aqui dormindo e acabei de ver uma explosão aqui nos barcos”.
Assista:
O barco em questão partiu de Barcelona, na Espanha, em 31 de agosto rumo a Gaza. O objetivo era criar um corredor de ajuda humanitária para a Palestina. Ao todo, 80 barcos, de 44 países, compõem a nova tentativa de levar ajuda para a região atacada.
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Os ativistas Greta Thunberg e Thiago Ávila não se feriram durante o ataque de drones sofrido pela frota da Global Sumud Flotilla (GSF)
Reprodução/Redes sociais
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O barco da frota da Global Sumud Flotilla (GSF) que embarcou rumo à Faixa de Gaza foi alvo de ataque explosivo de drones
Reprodução / @coletivojuntos
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Essa é a segunda vez que Ávila embarca para Gaza
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A ativista suíça Greta Thunberg também estava na embarcação durante o ataque
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O brasileiro Thiago Ávila chegou a ser preso pelo Exército de Israel e foi deportado
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Ativista Thiago vila
Reprodução/Instagram
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Greta Thunberg embarcou em navio ao lado de ativista brasileiro para Gaza
Reprodução/Redes sociais
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No total, 12 voluntários internacionais embarcaram com ajuda humanitária em junho
Reprodução/Redes sociais
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Grupo foi interceptado em uma primeira viagem para Gaza no dia 8 de junho
Reprodução/YouTube
Quem é Thiago Ávila
O brasiliense, de 38 anos, era um dos integrantes da Coalizão Flotilha da Liberdade, cujo objetivo é levar ajuda humanitária à Palestina.
Ele começou a jornada como ativista em 2005 e já esteve no Líbano, onde mostrou, em fevereiro último, como as cidades do país ficaram após ataques de Israel.
Ávila também compartilha nas mídias sociais relatos sobre os projetos dos quais participa e mostra a realidade de regiões em contexto de guerra.
Em 2024, o ativista compareceu ao velório do líder do grupo Hezbollah, Seyyed Hassan Nasrallah, e participou de uma conferência internacional em Teerã, capital do Irã, onde prestou condolências aos iranianos e ao país pelo falecimento do então presidente, Ebrahim Raisi, em maio passado.
Outro lado
O Metrópoles entrou em contato com o Itamaraty e a embaixada de Israel no Brasil. O espaço segue aberto.