Banco Master mantinha vínculo com gestoras investigadas por suspeita de lavagem de dinheiro no setor de combustíveis

Instituição financeira ligada a Daniel Vorcaro teve fundos administrados por empresas alvo de operação que apura esquema de sonegação e ocultação de valores no mercado financeiro

Foto: Reprodução

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O Banco Master, controlado pelo empresário Daniel Vorcaro, manteve vínculo financeiro com ao menos duas gestoras investigadas por órgãos de segurança pública por suspeita de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao setor de combustíveis.

Segundo informações obtidas junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), as gestoras Trustee DTVM e Reag Investimentos administraram fundos relacionados à instituição financeira de Vorcaro.

O Banco Master é responsável pela administração de mais de R$ 115 milhões pertencentes a aposentados e pensionistas de Maceió.

A operação conduzida por órgãos de segurança pública revelou um esquema de fraudes que abrangia toda a cadeia do setor de combustíveis — da importação e produção à distribuição e comercialização.

De acordo com as investigações, os lucros obtidos com a adulteração de combustíveis e a sonegação de impostos eram lavados no mercado financeiro, com o uso de fintechs como porta de entrada do dinheiro ilícito no sistema bancário.

A Receita Federal identificou que a organização criminosa chegou a controlar cerca de 40 fundos de investimento, cujo patrimônio somado ultrapassava R$ 30 bilhões.

No caso do Banco Master, a Trustee DTVM se destacou por atuar como principal administradora dos fundos do Master Asset Management, braço de gestão de recursos do grupo. A Trustee é suspeita de aquisição e ocultação de bens para o grupo criminoso, enquanto a Reag é investigada por ocultar valores de origem não comprovada.

A Reag Investimentos informou que é a maior gestora independente do Brasil, com R$ 340 bilhões sob gestão, e declarou ter recebido com surpresa as investigações, negando qualquer envolvimento em atividades ilícitas.

A empresa afirmou “refutar veementemente qualquer atuação em estruturas de natureza ilegal” e ressaltou que atua “em linha com as normas vigentes”.

Em nota, o Banco Master afirmou que a Reag “é uma prestadora de serviços do banco, com atuação restrita à gestão e administração de fundos, assim como diversas outras gestoras”. A instituição destacou que a relação é “estritamente operacional”, acrescentando que “o Banco Master é apenas um entre centenas de clientes da Reag, não tendo qualquer participação na sua gestão, estrutura societária ou decisões internas”.

Já a Trustee DTVM declarou que renunciou à administração de todos os fundos suspeitos antes da operação, após identificar inconsistências cadastrais há alguns meses.

A presença de instituições financeiras e gestoras de grande porte em operações de combate à lavagem de dinheiro reacende o debate sobre a efetividade dos mecanismos de controle e supervisão no mercado de capitais brasileiro.

Embora as investigações ainda estejam em andamento, especialistas apontam que casos como este reforçam a necessidade de transparência e diligência reforçada nas parcerias entre bancos e gestoras, especialmente quando envolvem recursos públicos e previdenciários.

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