Em meio à escalada de tensão entre Israel e Irã, um grupo de 12 políticos brasileiros conseguiu deixar Israel por via terrestre e chegou, na noite de ontem, à cidade de Tabuk, na Arábia Saudita. A operação, articulada pelo governo brasileiro e parlamentares em parceria com autoridades israelenses, foi considerada bem-sucedida. Os brasileiros aguardam, agora, a liberação para embarcar de volta ao país. Nove deles seguirão em avião privado, e os outros três em voos comerciais, com escala em Doha, no Catar. O destino final do grupo é São Paulo.
Apesar da operação de retirada dos 12 integrantes, outros 26 políticos ainda permanecem em Tel Aviv, à espera de condições seguras para retornar ao Brasil. Eles compõem comitivas que estavam em missão oficial no país, a convite do governo israelense.
A travessia da fronteira foi marcada por incertezas e um intervalo de cerca de duas horas até que a Embaixada do Brasil em Amã, capital da Jordânia, conseguisse providenciar transporte até a Arábia Saudita. De acordo com o senador Carlos Viana (Podemos-MG), presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Israel, o apoio da diplomacia brasileira foi decisivo para o avanço da operação.
“Os demais, que permanecem em Tel Aviv, são 26 que ainda aguardam o momento de deixar o país”, afirmou o senador.
Entre os que acompanharam de perto a movimentação está o deputado Mersinho Lucena (PP-PB), que foi até a fronteira saudita-jordaniana para receber o pai, Cícero Lucena, prefeito de João Pessoa. Segundo o parlamentar, o êxito na retirada foi resultado do empenho conjunto do Itamaraty, da diplomacia israelense e do embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine.
“Apesar das divergências políticas entre os governos de Benjamin Netanyahu e Luiz Inácio Lula da Silva, Israel tem mostrado boa vontade em garantir a segurança dos brasileiros”, disse.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) destacou que acompanha “com atenção” a situação dos brasileiros em Israel, incluindo turistas, cidadãos binacionais e autoridades. O Itamaraty relembrou ainda que mantém, desde outubro de 2023, um alerta consular que desaconselha viagens não essenciais à região.
A pasta também informou que o governo israelense apresentou uma nova proposta de evacuação por terra para o grupo que permanece em Tel Aviv. A operação, semelhante à que retirou os 12 integrantes, poderá ser executada nos próximos dias.
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, tem mantido contato direto com o coordenador da delegação brasileira, Álvaro Damião (União-MG), prefeito de Belo Horizonte. De acordo com a pasta, todas as tratativas do governo brasileiro com as autoridades de Israel e Jordânia estão sendo repassadas ao grupo com o objetivo de assegurar um retorno seguro.
Enquanto isso, a tensão continua na região. O conflito entre Israel e Irã eleva o risco de escalada, o que pressiona governos a tomarem medidas rápidas para proteger seus cidadãos.