O Movimento Unificado de Vítimas da Braskem (MUVB) lançou na última quinta-feira (20), uma carta aberta direcionada aos bancos credores da Braskem. O documento tem o objetivo de alertar as instituições financeiras sobre o real passivo da empresa e reforçar que os maiores credores – as vítimas do desastre causado pela mineração em Maceió – também devem ter voz nas negociações sobre as dívidas da mineradora.
O lançamento do documento acontecerá a partir das 19h30, na Igreja Batista do Pinheiro, localizada na Coronel Lima Rocha. O economista Elias Fragoso, idealizador e responsável pela fundamentação do texto, destaca quatro pontos principais abordados na carta:
- Dimensão do passivo: O alerta sobre a real magnitude das dívidas da Braskem em Alagoas, que seriam significativamente maiores do que a empresa divulga publicamente;
- Participação das vítimas: A exigência de que as vítimas do megadesastre sejam reconhecidas como credoras e participem ativamente das negociações;
- Imprescritibilidade do passivo: O reforço de que as dívidas da Braskem com os atingidos não prescrevem e devem ser tratadas com a devida seriedade;
- Propostas de negociação: A informação de que os credores privados possuem propostas concretas e estão dispostos a negociar o passivo da empresa diretamente com os bancos.
A movimentação do MUVB acontece em meio às negociações entre as controladoras da Braskem – Novonor (antiga Odebrecht) e Petrobras – e os cinco bancos credores da empresa: Itaú, Banco do Brasil, Santander, Bradesco e BNDES. Em dezembro de 2024, revistas financeiras divulgaram que os acordos preveem a conversão dos bancos de credores para co-controladores da Braskem. A transação envolveria a aquisição de ações da Novonor, que possui uma dívida de aproximadamente R$ 15 bilhões com as instituições financeiras.
Segundo informações do portal Investnews, as ações dos cinco bancos seriam transferidas para um fundo, sob gestão independente. A mobilização do MUVB busca garantir que, nesse processo, as vítimas da mineração sejam devidamente reconhecidas e incluídas nas tratativas sobre as responsabilidades da Braskem.
Com a divulgação da carta, o movimento espera sensibilizar as instituições financeiras e ampliar a discussão sobre os impactos sociais e econômicos do desastre provocado pela mineração da Braskem em Maceió.