A CEB Iluminação Pública e Serviços (CEB Ipes) divulgou um balanço de ocorrências de rompimento e furtos de cabos nessa segunda-feira (29/9). Ao menos três regiões do Distrito Federal foram afetadas com a falta de energia.
Segundo a companhia, a região mais impactada foi o Plano Piloto na Asa Norte, com duas ocorrências. A primeira sendo na W3 Norte, entre as quadras 16 e 12, onde as obras nas calçadas romperam os cabos de rede de iluminação – afetando, inclusive, o funcionamento dos semáforos. Enquanto a segunda foi na 709 Norte, onde houve furto de cabos, menos de 12 horas após manutenção realizada pela CEB.
As outras duas regiões foram Sudoeste e Taguatinga. Ambas as situações se deram por rompimento de cabos em virtude de obras. No Sudoeste, a ocorrência foi nas proximidades da academia Unique. Já em Taguatinga foi no Pistão Norte e exigiu lançamento de novos circuitos e uso de maquinário especial após a energia ser cortada.
Esses episódios somam aos casos do funcionamento precário da iluminação pública na capital federal nas mais variadas regiões administrativas. Segundo dados da Ouvidoria do GDF, de janeiro a 29 de setembro deste ano, foram registrados 6.038 casos sobre o assunto. O número é 81% maior do que o computado no mesmo período do ano passado, quando houve 3.330 queixas.
Segundo o painel da Ouvidoria do GDF, em 2025, as regiões com o maior número de reclamações são: Plano Piloto (1.018); Guará (614); Ceilândia (595); Taguatinga (551); e Gama (396).
Questionada pelo Metrópoles, a CEB IPes, responsável pela iluminação pública do DF, afirmou que os recorrentes problemas de iluminação pública registrados têm sido causados, majoritariamente, por “furtos sistemáticos de cabos e equipamentos”.
Até julho deste ano, segundo a CEB, foram furtados 57 km de cabos em todo o DF — o equivalente a 500 campos de futebol alinhados —, com prejuízo estimado em R$ 1,1 milhão. No ano passado, no mesmo período, foram registrados 39 km de cabos furtados no DF, com perdas aproximadas de R$ 772 mil.
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Pontos às escuras
Na última semana, a reportagem do Metrópoles percorreu vários pontos em que, durante a noite, só é possível enxergar os faróis dos carros que passam pelas vias. Além de locais com a presença de pedestres ou moradores, a reportagem passou em pontos em que só era possível perceber alguma iluminação por causa da lua, como no acesso à EPGU, para quem vem do Eixão Sul, e no Eixo W Norte, na altura da Quadra 102.
Na maior e mais populosa cidade do Distrito Federal, Ceilândia, é comum encontrar relatos de moradores se queixando da ausência total de luz em algumas quadras. Na QNM 8, em Ceilândia Norte, os postes estão frequentemente com as lâmpadas desligadas, deixando grandes bolsões desprovidos de energia elétrica.
O problema se repete na saída de Águas Claras, sentido Areal, onde motoristas precisam redobrar a atenção para não provocar acidentes. Na quadra residencial 102 do Sudoeste, o breu também gera preocupação em quem precisa andar a pé pela região.
No Guará 2, na Avenida Contorno, perto da entrada do Polo de Modas, a escuridão imperava na noite da última sexta-feira (26/9). Como a pista tem muitas faixas de pedestres, a falta de luz gerava risco maior aos pedestres que tentavam atravessar de um lado para o outro.
Veja alguns dos pontos sem iluminação:
Arredores do Estádio Mané Garrincha
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto2 de 5
Eixo W Norte, na altura da quadra 102
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto3 de 5
A parada da W3 Norte, na altura da 714, está às escuras
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto4 de 5
Criminosos furtaram os cabos do poste de iluminação na 715 Sul
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto5 de 5
Na EPGU, além do carros, a responsável por iluminar a via é a Lua
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
Especialista aponta negligência da CEB
De acordo com o engenheiro eletricista e professor da Universidade Católica de Brasília (UCB) Mario Kenji, as diversas reclamações podem ter várias causas, como: vandalismo; tempo de vida útil dos equipamentos; e falta de manutenção ou de atualização de novos ativos.
Segundo o especialista, para saber se a maioria das reclamações está ligada a algum tipo de negligência, por parte da CEB Ipes, é necessário verificar há quanto tempo um problema não foi resolvido. “Os mais longos podem não ter sido resolvidos por alguma falha pontual, como a falta de equipamento compatível ou problemas logísticos”, explicou.