O número de inserções do dispositivo intrauterino (DIU) para evitar a gravidez pelo Sistema Único de Saúde (SUS) do Distrito Federal saltou de 2.568 para 5.454, na comparação entre janeiro e agosto de 2022 e o mesmo período de 2025. O aumento foi de 112,3%. O levantamento é da Secretaria de Saúde (SES-DF).
Segundo a pasta, o aumento é resultado da expansão da oferta e acesso a esse método contraceptivo na rede de Atenção Primária à Saúde (APS), assim como da autorização para enfermeiros inserirem o dispositivo, com base na Resolução nº 690/2022 do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).
O número de enfermeiros responsáveis pela aplicação de DIU saiu de 2.391 em 2023 para 4.036, em 2024.
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“Além de garantir o acesso à informação e o esclarecimento da população sobre os métodos contraceptivos, a ampliação das capacitações para que enfermeiros da SES-DF também realizem a inserção do DIU, e não apenas médicos, fortalece e amplia o acesso a esse método, contribuindo significativamente para a saúde e a qualidade de vida da população feminina do DF”, destacou a pasta em nota enviada ao Metrópoles.
A rede pública disponibiliza o DIU como método contraceptivo nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). De acordo com o Protocolo de Queixas Ginecológicas e Planejamento Reprodutivo, a inserção e a retirada do DIU são procedimentos terapêuticos essenciais, oferecidos de forma segura e gratuita na rede pública.
O procedimento deve ser programado com a equipe de Saúde da Família de referência da usuária, considerando o vínculo territorial do atendimento. As mulheres interessadas em colocar o dispositivo intrauterino devem procurar sua UBS de referência.
Dados de Inserção de DIU nas UBSs:
2022: 3.742 inserções
Médicos – 1.066
Enfermeiros – 2.676
2023: 5.190 inserções
Médicos – 2.799
Enfermeiros – 2.391
2024: 6.283 inserções
Médicos – 2.247
Enfermeiros – 4.036
Comparativo entre os anos no período de janeiro a agosto:
2022: 2.568
2023: 2.663
2024: 3.515
2025: 5.454
Segundo a pasta, a rede pública de saúde oferece o DIU de cobre T380 (Formato em T que contém 380mm2 de área de cobre e mede 36 mm em sua haste horizontal). A taxa de eficácia do dispositivo é de 99%.
Os critérios de elegibilidade de qualquer método contraceptivo devem ser avaliados individualmente considerando a história clínica da paciente.
O DIU de cobre pode ser uma alternativa para pacientes que apresentam contraindicações ao uso do estrogênio (lactantes, hipertensas, diabéticas, que apresentam fatores de risco para doença cardiovascular, história de Trombose Venosa Profunda -TVP -, história de infartos ou cardiopatias, cirurgias grandes com repouso prolongado e tabagistas com idade superior a 35 anos).
Zerar a fila
A Associação Brasileira de Enfermagem (Aben-DF) e o Sindicato dos Enfermeiros (SindEnfermeiro-DF), parceria com a Brazil Foundation, capacitaram 180 enfermeiras e enfermeiros, sendo a maioria da Secretaria de Saúde. O objeto do projeto é zerar a fila de espera pelo procedimento.
De acordo com dados coletados pela Aben-DF e SindEnfermeiro-DF, esse avanço beneficiou principalmente mulheres negras e moradoras das periferias do DF, que antes enfrentavam longos períodos de espera para ter acesso ao método contraceptivo.
O balanço dos resultados foi apresentado durante o 1º Seminário pelos Direitos Sexuais e Reprodutivos do DF, realizado na última sexta-feira (29/8), na sede da ABEn Nacional, em Brasília. O evento reuniu profissionais da saúde, estudantes, gestores e representantes de movimentos sociais em um dia de debates sobre o fortalecimento do SUS, a ampliação da contracepção de longa duração e os desafios para a melhoria do SUS.
Reversível
Segundo Karine Afonseca, presidente da Aben-DF, o DIU é um método do grupo dos LARC (Contraceptivos Reversíveis de Longa Ação), onde seu efeito contraceptivo não depende da mulher lembrar de tomar ou aplicar. “E no momento em que a mulher quiser engravidar, ela poderá retirar e gestar normalmente. Pois o método não impacta a sua fertilidade. No mais, uma vez colocado, a mulher precisa trocar apenas 12 anos depois”, afirmou.
De acordo com Karine, os custos do dispositivo são baixos para o SUS. Para a presidente da Aben, o próximo desafio é a incorporação de novos métodos LARC, como o implanon e o DIU Mirena. “São dispositivos de contracepção de longa duração hormonal, que mulheres com grande fluxo menstrual e que não adaptaram ao DIU de cobre podem se beneficiar desses e conseguirem acessar pelo SUS a esses métodos, que tem um custo maior, mas que viabiliza que a política de contracepção com maior efetividade possa ser acessado por todas”, explicou.
Serviço:
Caso não saiba qual é a UBS de referência para o seu endereço, o usuário poderá acessar o Busca Saúde UBS e identificará a unidade responsável pelo atendimento na sua região. Para acessar, basta clicar no link. A paciente precisa comparecer pessoalmente à UBS para avaliação e agendar do procedimento junto à equipe de saúde.