Evitar alimentos doces não parece reduzir a preferência por eles, apontam pesquisadores da Universidade de Wageningen, na Holanda.
Um estudo clínico randomizado — que divide os participantes de forma aleatória em grupos para testar diferentes condições — acompanhou 180 adultos durante seis meses. O resultado mostrou que a quantidade de alimentos doces consumida não influenciou o gosto por sabores adocicados.
“Descobrimos que dietas com menor ou maior teor de açúcar não estavam associadas a alterações no consumo de energia ou no peso corporal. Embora muitas pessoas acreditem que alimentos doces promovam maior ingestão de energia, nosso estudo mostrou que a doçura por si só não é a culpada pelo consumo excessivo de calorias”, afirmou Kees de Graaf, professor emérito de ciência sensorial e comportamento alimentar e principal autor da pesquisa publicada na revista Current Development in Nutrition em maio.
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Os voluntários foram divididos em três grupos: um com alimentos predominantemente doces, outro com menos doces e um terceiro com dieta mista. A cada duas semanas, os participantes recebiam pacotes com itens que correspondiam a cerca de metade da alimentação diária. O restante da alimentação podia ser escolhido livremente.
Entre os produtos doces estavam geleia, chocolate ao leite, laticínios adoçados e bebidas açucaradas. Entre os não doces, presunto, queijo, homus, pipoca salgada e água com gás.
Preferência permaneceu igual
A equipe mediu a preferência pelo sabor doce antes, durante e depois do experimento, além de acompanhar peso, composição corporal, ingestão calórica e indicadores sanguíneos ligados ao risco de diabetes e doenças cardiovasculares.
A composição de carboidratos, gorduras e proteínas dos alimentos foi igualada entre os grupos, e a seleção dos participantes considerou sexo, idade e peso para evitar desequilíbrios.
Os resultados mostraram que menor exposição a alimentos doces não levou a mudanças na preferência pelo sabor. O grupo com maior consumo de doces também não apresentou aumento na vontade de ingeri-los.
“Este é um dos primeiros estudos a medir e ajustar a doçura em toda a dieta, dentro de uma faixa realista do que as pessoas realmente consomem. Isso é importante porque algumas pessoas evitam alimentos doces acreditando que a exposição regular aumentará sua preferência, mas nossos resultados mostram que esse não é o caso”, disse de Graaf.
Após o fim das dietas, os participantes voltaram naturalmente aos padrões habituais de consumo de doces nos acompanhamentos feitos um e quatro meses depois.
Os pesquisadores agora pretendem repetir o estudo com crianças, para entender se a formação de preferências de sabor na infância pode responder de forma diferente à exposição prolongada a alimentos doces.
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